E se o café perfeito estivesse numa fórmula matemática?

Matemáticos procuram a melhor forma de fazer uma boa chávena de café e falam da importância do tamanho dos grãos
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O café é uma das bebidas mais consumidas no mundo inteiro e uma das preferidas dos portugueses. O que poucos sabem, é que o café é constituído por mais de 1800 componentes químicos. Tendo em conta este aspeto e outros, um grupo de matemáticos tentou calcular a melhor forma de extrair café dos grãos.

A investigação, publicada este mês na revista SIAM Journal on Applied Mathematics, deverá ajudar os consumidores de café a fazer uma chávena de café perfeita e os produtores de máquinas de café a melhorarem os equipamentos.

Segundo Kevin Moroney, da Universidade de Limerick, na Irlanda, e William Lee, da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, o tamanho dos grãos do café e a maneira como é filtrado são essenciais para o resultado final, assim como a temperatura da água - entre 91 e 94 º Celsius.

"A nossa ideia é criar um modelo matemático completo de preparação de café que poderia ser usado para desenhar máquinas de café", afirmou Lee à BBC. "É um pouco como a teoria da mecânica fluida e sólida é usada para criar carros de corrida".

Para este estudo, os matemáticos analisaram "o efeito do tamanho do grão na maneira que o café sai do filtro da máquina". Os grãos são colocados no filtro e é despejada água quente, que os dissolvem.

"A parte mais surpreendente é que há dois processos para extrair o café dos grãos", contou William Lee. "Há um processo muito rápido no qual o café é extraído da superfície dos grãos e há um mais lento onde o café sai do interior dos grãos", explicou o matemático.

"Em princípio, a concentração de café depende da relação entre a extração rápida do café da superfície dos grãos [chamada a primeira extração] e a velocidade a que a água absorve o café", explicou Kevin Moroney, segundo o Huffington Post. A segunda extração é determinada por uma difusão mais lenta, à medida em que a água penetra em profundidade nos maiores grãos, continua o investigador.

Acredita-se que o café extraído de grãos muito pequenos sai amargo e de grãos muito grandes sai aguado. Os matemáticos querem, no entanto, quantificar esta visão. "Em vez de dizer 'tenho de ter grãos maiores' posso dizer 'quero ter esta quantidade de café a sair dos grãos, preciso de grãos exatamente do tamanho X'".

O investigador da universidade inglesa afirma que grãos maiores são melhores pois tornam o café menos amargo. "Quando são maiores diminuiu a área de superfície total e a água flui mais rapidamente entre os grãos", disse Lee. Desta maneira, também é diminuída a quantidade de extração de café.

"Para aplicações industriais, esperamos que as máquinas de café possam ser otimizadas para suportarem grãos de um determinado tamanho", afirmou Lee

Para já, a busca pelo café perfeito não está terminada. Os investigadores querem analisar qual é a melhor forma de acrescentar água aos grãos e a forma que os grãos criam no filtro depois de utilizados.

Adicionar a água aos grãos num jato único no centro, como numa torneira, ou por vários jatos, como num chuveiro, "tem efeitos diferentes no café", explicou o matemático Lee.

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