Cidade italiana paga a quem usar bicicleta para ir trabalhar

Bari dá 20 cêntimos por quilómetro para uso de bicicleta para o trabalho e 40 cêntimos para outras deslocações, num máximo de 25 euros mensais
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A luta para que os cidadãos usem cada vez menos o automóvel nas suas deslocações para o trabalho, levou a cidade italiana de Bari a pagar a quem o faça de bicicleta. Não se trata de uma fortuna, mas é um incentivo: 0,20 euros por quilómetro para quem use este meio de transporte para ir trabalhar e 0,40 euros/Km noutras deslocações. O máximo que cada pessoa pode receber são 25 euros mensais.

O programa entrou em vigor este mês de fevereiro e foi lançado pelo município. Foram disponibilizadas cerca de mil bicicletas, com um sistema de GPS, nesta cidade com 330 mil habitantes. Uma medida ambiental para afastar os carros das cidades, diminuindo as emissões de gases, ao mesmo tempo que descongestiona o trânsito. Por outro lado, traz também benefícios ao nível da saúde, já que promove a atividade física.

A cidade do sul italiano vai ainda reembolsar, com parte dos custos, quem comprar bicicletas. E nisto, o município de Bari conta com o apoio financeiro do governo central. Por uma bicicleta em segunda mão, o munícipe receberá 100 euros; 150 euros para novas e 250 euros por e-bikes.

Já não é a primeira vez que se lança uma medida deste género, recorda o site CityLab - em 2014, a França introduziu um esquema semelhante, mas aqui era uma empresa privada e não a câmara a incentivar os cidadãos a utilizarem as bicicletas em vez dos carros. E Milão tentou um esquema parecido.

Também são conhecidos incentivos financeiros para quem troca automóveis por bicicletas. A província holandesa de Brabant é uma delas e tem sido bem-sucedido, ao ponto de o país, já de si grande utilizador de bicicletas, estar a ponderar a sua implementação a nível nacional.

Experiências anteriores ficaram aquém dos objetivos

O programa-piloto lançado em França e 2014, sublinha o CityLab, teve efeitos positivos mas não espetaculares. Enquanto as empresas participantes tiveram um aumento de 19 por cento no número de passageiros, a maior parte das pessoas que aderiram já se agrupavam. O que se traduziu apenas numa diminuição de 5 por cento no uso do carro para deslocações para o trabalho.

Em Lisboa, quem quiser andar de bicicleta tem que pagar. O câmara dispõe de uma rede de bicicletas partilhada - GIRA - com custos que vão dos 15 euros mensais aos 25 anuais. O passe diário custa dois euros.

O CityLab justifica que as mudanças podem não ter sido tão positivas, porque as medidas não foram acompanhadas de outras dissuasoras do uso do automóvel - por exemplo, as empresas continuaram a oferecer estacionamento aos seus funcionários. De resto, sublinha, as questões financeiras não são valorizadas nas cidades onde o uso de bicicletas já é popular. Numa sondagem realizada aos ciclistas de Copenhaga, só 6% disseram que o seu motivo é financeiro. A facilidade em deslocarem-se, as infraestruturas para bicicletas e os limites à circulação de carros foram razões mais invocadas.

Aguardam-se pois os resultados da medida levada a cabo na cidade italiana. Sendo que as experiências anteriores já permitem antever que uma medida isolada dificilmente se traduzirá num grande sucesso. E o CityLab lembra que Bari investou em ciclo vias e zonas pedestres na orla marítima, mas ainda há vias importantes que não dispõem de espaços para este tipo de transporte.

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