"Choca-me a forma leviana com que se apresentam contas de 50ME de prejuízo"

Ex-treinador assume que pode concorrer contra Pinto da Costa em 2024 e deixa fortes críticas à forma como o FC Porto tem sido gerido nos últimos anos.
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Numa entrevista ao Expresso, André Villas-Boas deixa a entender que vai mesmo avançar com uma candidatura contra Pinto da Costa nas eleições para a presidência do FC Porto em 2024. O ex-treinador deixa ainda críticas ferozes à gestão do clube.

Aqui ficam algumas das respostas mais marcantes da entrevista:

"O meu caminho até aqui tem sido de preparação, o que me pode colocar perante ser candidato nas próximas eleições, ou não. Toda a construção do que será a futura vida do clube tem de acontecer com passos firmes, bem pensados, estruturados, com rigor. São essas questões que ditam a apresentação de uma candidatura às próximas ou às seguintes eleições, em 2028. Não posso negar que tenho datas em mente, equipas preparadas, ideias, pessoas e projetos. Eu nunca o escondi. O que me faltará decidir são os timings, e esses têm que ir ao encontro do respeito pela época desportiva do FC Porto. Tenho essa ambição, nunca a escondi, tenho o máximo respeito pelo presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa, e tenho que estar pronto para o substituir à altura caso assim desejem os sócios."

"O que é que acontece no FC Porto e que eu acho que tem levado à saturação das pessoas: há uma grande disparidade entre sucesso desportivo e desequilíbrio financeiro e isso corresponde especificamente à gestão da organização. O FC Porto tem gastos absurdos não só na sua massa salarial, mas também nos seus serviços externos, nos comissionamentos, na administração. Há uma série de poupanças que são evidentes e fáceis de fazer, havendo desejo para que as mesmas aconteçam. E acho que isso não aconteceu no caso desta administração. Mas, digo-vos sinceramente, o que mais me choca é a forma leviana e de bom tom e de cavaqueira com que se apresentam contas de 50 milhões de euros de prejuízo. Isso é grave e acho que é isso que leva à saturação atual porque não pode ser tão fácil e tão gozão apresentar umas contas destas. E é isso que leva à revolta das pessoas e a um desejo sentido de mudança."

"O FC Porto tem um passivo absurdo e o que é claro é que os modelos operacionais que estão em funcionamento nos últimos 10, 12 anos não funcionam, porque levaram o clube a um ponto sem retorno. Penso que é isso que deixa os sócios cada vez mais desgastados."

"É muito estranho, numa relação tão amorosa como a que o Sérgio tem com o FC Porto e que o seu presidente tem com o seu treinador, que ainda não tenha havido espaço para uma renovação. Teria sido de grande sentido de oportunidade fazer a renovação após o jogo com o Inter, não só pelo que ele representa para nós, portistas, pelo seu sucesso, mas também pelo sentido de oportunidade, já que é quando estamos mais isolados e tristes que pode surgir um abraço amigo e uma confiança no trabalho para o futuro. É uma pergunta que tem de ser feita ao presidente do FC Porto e ao treinador. Desconheço as intenções do presidente e do treinador, porque eles não falam do assunto e é tabu há bastante tempo. Tenho pena que assim seja porque o Sérgio, além de tecnicamente muito competente, projeta os valores do FC Porto de uma forma única."

"Pelos momentos que vivemos juntos [com Pinto da Costa], vejo com alguma surpresa determinados ataques de personalidade que acho que são injustificáveis e penso que não serão o reflexo do que ele realmente sente por mim. Acho que não precisa de achincalhar adversários, tão alto está o seu pedestal e tudo o que ele atingiu no futebol no FC Porto".

"[sobre a centralização dos direitos televisivos] O Benfica tem tendência para estar acima da lei ou de prevaricar com a lei em várias situações, o que não pode acontece. Há aqui um bem comum, em que as rivalidades têm de entender qual o bem comum de todos, da nossa Liga. Se formos incapazes de fazer isso estamos no caminho errado, portanto essa mensagem não é correta. Acho bem mais digna a atitude do Sp. Braga, apresentando alternativas a quadros competitivos, mesmo que não sejam aceites, mas lançando-as para discussão, do que essas tomadas de posição".

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