Chissano disposto a ponderar mediar conflito

O antigo Presidente moçambicano Joaquim Chissano considerou que o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, deve ser "acarinhado" para que aceite dialogar com o Governo, mostrando-se aberto a ponderar um eventual convite para mediar a atual tensão político-militar.
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Em declarações à estação privada STV, no sábado, o ex-chefe de Estado disse que o país precisa de paz e que "ninguém aceita ser arrastado para guerra, seja por quem for", reforçando a necessidade da Renamo e o Governo moçambicano chegarem a um entendimento pela via do diálogo.

"Esperamos que um dia a razão prevaleça e que o diálogo aconteça, pois não queremos que ninguém perca: todos devem ganhar. Acho que devíamos acarinhar o senhor Dhlakama, para que aceite dialogar", afirmou Joaquim Chissano.

A Renamo e o Governo moçambicano mantêm um diferendo em torno da lei eleitoral há quase um ano, que se tem expressado em conflitos armados, inicialmente circunscritos à região centro do país, mas já observados, ainda que com menor dimensão, no norte e no sul de Moçambique.

Desde outubro, quando as forças de defesa e segurança tomaram a antiga base da Renamo, em Sadjundjira, na província de Sofala, e na qual Afonso Dhlakama residia, o líder da Renamo mantém-se "em parte incerta".

O atual Presidente moçambicano, Armando Guebuza, tem demonstrado disponibilidade para se reunir com Dhlakama, mas os seus convites têm sido declinados pelo líder da Renamo, que alega razões de falta de segurança para a realização do encontro.

Depois de várias rondas negociais entre representantes da Renamo e do Governo, ao longo do último ano, que nunca produziram resultados, as negociações entre as partes encontram-se atualmente suspensas.

A Renamo exige a presença de mediadores nacionais e internacionais para voltar à mesa de negociações, mas o Governo apenas aceita a presença dos primeiros.

Chissano entende que a presença de mediadores internacionais nas negociações ajudaria "em quase nada".

"Falei com algumas figuras a nível internacional que disseram que não estão a ver um papel muito relevante de observadores internacionais e apelam ao bom senso das partes para se encontrarem e discutirem", disse o ex-Presidente.

Joaquim Chissano mostrou-se disponível para "ponderar um possível convite para se encontrar com Afonso Dhlakama e mediar a tensão político-militar" que Moçambique vive atualmente.

Joaquim Chissano ocupava o cargo de Presidente da República quando a Renamo e o Governo moçambicano assinaram, em 1992, o Acordo Geral de Paz, que pôs fim à guerra civil moçambicana e introduziu o multipartidarismo em Moçambique.

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