Joseph Chipolina entrou na história do futebol de Gibraltar, ao marcar de penálti o golo da primeira vitória de sempre, num jogo oficial da história da sua seleção. A proeza foi alcançada em Yerevan, capital da Arménia, num jogo a contar para o grupo 4 da Liga D da Liga das Nações.."Não sou um herói, todos os jogadores foram heróis", refere Chipolina ao DN, lembrando que "o futebol é um desporto de equipa, em que todos trabalham para ganhar"..Este defesa, de 30 anos, foi escolhido para bater o penálti aos 50 minutos e admite que estava "um pouco nervoso". "Sabia que era um momento importante, afinal nunca a seleção de Gibraltar tinha estado na frente do marcador. Sabem que tenho sangue-frio e que estou acostumado a marcar penáltis, por isso fui o escolhido... Era apenas mais um penálti", explica Joseph Chipolina, que não é profissional de futebol desde 2012, dividindo o futebol com o de guarda prisional.."Sou carcereiro na prisão e jogo futebol porque é uma paixão. Temos uma seleção com jovens estudantes e jogadores com outras profissões, e é bem difícil conciliar as nossas atividades com a família, por isso esta vitória ainda tem mais valor", frisou o defesa, que jogou em Inglaterra no Millwal (seis meses) e no Cambridge (um ano e meio) e esteve seis épocas no Real Linense, de Espanha, antes de mudar de vida.."Quando tive oportunidade de ter um bom trabalho, deixei o profissionalismo. O problema da crise económica fez que optasse por outra via, pois tive de pensar no futuro quando surgiu este trabalho para o governo, que me dá maior estabilidade", explicou, acrescentando que treina quatro vezes por semana. "Eu trabalho por turnos. Quando trabalho à noite, treino de manhã, e quando estou de serviço de dia treino ao final da tarde, depois do trabalho", revelou..Chipolina reconhece que o golo à Arménia "foi o mais importante" da sua carreira de futebolista. "Vínhamos de derrota atrás de derrota, pelo que esta vitória representa uma grande injeção de confiança para todos os jogadores e para os técnicos. Foi uma alegria para todos em Gibraltar", acrescentou, recordando que assim que o avião aterrou na pista em Gibraltar "estavam muitas pessoas e as famílias à espera" da comitiva..As horas que se seguiram ao final da partida foram de grande alegria para todos. "Não houve muitos festejos porque amanhã [esta terça-feira] jogamos em casa com o Liechtenstein, mas quando chegámos ao hotel fizeram-nos uma pequena receção", revelou.."Defendemos como uns leões".Durante alguns anos a seleção de Gibraltar jogou no Estádio do Algarve, mas agora o Estádio Victoria já tem condições para receber jogos internacionais e é lá que a seleção vai tentar repetir a proeza nesta terça-feira. "Vamos jogar com o orgulho para tentar obter a segunda vitória da nossa história. Se não o conseguirmos, que seja pelo menos um empate. Somos um país pequeno, mas já sentimos um grande entusiasmo das pessoas, que vão por certo encher as bancadas para nos apoiar", acrescentou..Na Arménia, o seu golo surgiu aos 50 minutos e depois foi "sofrer até ao fim", num jogo épico que leva Chipolina a fazer um grande elogio à equipa. "Defendemos como uns leões. Como é óbvio os arménios apertaram o cerco e tivemos de nos unir. Estivemos em todos os ressaltos de bola e sempre em cima deles. Lutámos mais do que tínhamos lutado em todos os jogos que fizemos. À medida que os minutos iam passando ganhámos cada vez mais força e coragem. Fomos muito sólidos defensivamente e todos foram importantes nessa luta", revela o defesa de 30 anos..Joseph Chipolina, que atualmente representa o Lincoln Red Imps de Gibraltar, explica ao DN qual o significado desta primeira vitória oficial da sua seleção: "É a primeira página da história que vamos escrever. Era um triunfo que já nos fazia falta e sabíamos que iria chegar em algum momento. É um empurrão para aquilo que podemos alcançar.".Gibraltar é um pequeno território, a sul da Península Ibérica, que está sob domínio britânico, sendo o hino oficial o God Save the Queen, mas o orgulho de cerca de 33 mil gibraltinos ganhou um novo impulso com este triunfo frente à Arménia, que fica marcado na curta história do seu futebol.