China estreia comboio de alta velocidade com tecnologia local

País tem a segunda maior rede de ferrovias a nível mundial, sendo este o meio de transporte mais utilizado no quotidiano.
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Circula a 350 quilómetros por hora e pode mesmo alcançar a velocidade de 400 quilómetros/hora. Começou ontem as viagens regulares entre a capital chinesa, Pequim, e o mais importante centro económico do país, Xangai. É o primeiro comboio de alta velocidade totalmente concebido e construído na China continental, onde existe a maior rede mundial deste tipo de transportes: 40 mil quilómetros, 60% do valor global.

Designado Fuxing, ou Rejuvenescimento, é a mais recente geração de transportes de alta velocidade a circular na China, onde está em serviço já o comboio mais rápido do mundo, o Maglev (acrónimo em inglês de levitação magnética), que liga o aeroporto de Xangai ao centro da cidade, uma distância de 30 quilómetros percorrida em apenas sete minutos. O Maglev foi construído por um consórcio Siemens-ThyssenKrupp, tendo entrado ao serviço em janeiro de 2004.

O Fuxing, ainda que sendo um projeto totalmente chinês, recolhe inspiração de modelos alemães, canadianos e franceses, existindo duas versões, o CR400AF e o CR400BF. Notícia recente indicava estar em causa transferências de tecnologia de empresas como a Siemens, a Bombardier e a Alstom. Por seu lado, o consórcio chinês que constrói os Fuxing agrupa mais de 20 empresas.

A velocidade padrão situar-se-á nos 350 quilómetros/hora, demorando a viagem de cerca de 1200 quilómetros três horas e 30 minutos. Com a anterior geração de comboios de alta velocidade, conhecidos pela designação Hexie, ou Harmonia, a duração era de cinco horas. Uma viagem por autoestrada prolonga-se por mais de 12 horas. A ligação férrea entre Pequim e Xangai é a mais concorrida em toda a China continental, com os novos comboios a realizarem sete viagens de ida e volta por dia.

A entrada ao serviço da nova geração de comboios de alta velocidade confirma a importância deste tipo de transporte no desenvolvimento da economia chinesa, declarou em junho o diretor-geral dos caminhos-de-ferro, Lu Dongfu. Atualmente, um terço da rede ferroviária chinesa permite a circulação de comboios de alta velocidade. A China é o segundo país do mundo com maior rede ferroviária (mais de 120 mil quilómetros), logo após os Estados Unidos (mais de 250 mil quilómetros), sendo o meio de transporte mais utilizado no quotidiano.

Das 31 regiões e províncias da China continental, 29 são servidas por linhas de alta velocidade.

Os comboios, que foram apresentados publicamente em junho, realizaram viagens experimentais desde então. São considerados mais sofisticados dos que os Harmonia, com maior espaço interior, quer na primeira quer na segunda classes, e sistemas para lidar com situações de emergência. Uma notícia na imprensa chinesa na época da apresentação dos Rejuvenescimento referia que os comboios estão equipados com sistemas de travagem automática. Em julho de 2011, ocorreu um grave acidente envolvendo dois comboios de alta velocidade nos arredores da cidade de Wenzhou, que descarrilaram num viaduto, causando a morte de 40 pessoas e ferimentos em quase 200 outras.

O acidente provocou uma quebra de confiança nos comboios de alta velocidade na China, ainda que a causa não fosse velocidade elevada (ambos os comboios deslocavam-se a menos de cem quilómetros/hora), e forçou as autoridades de Pequim a reverem todo o projeto. Na época, a velocidade máxima de circulação foi reduzida de 350 quilómetros/hora para 250-300 quilómetros/hora. O desenvolvimento dos Fuxing é um dos resultados daquela reavaliação.

Os novos comboios foram concebidos a pensar igualmente nos mercados internacionais, tendo sido revelado estarem a decorrer negociações para a sua exportação para a Rússia. Os Fuxing seriam utilizados na ligação entre Moscovo e a cidade de Kazan, uma distância de 700 quilómetros.

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