Cheques em queda são substituídos por meios electrónicos

Os portugueses estão a usar cada vez menos os cheques como forma de pagamento, trocando-os pelos meios electrónicos.

De acordo com o Relatório dos Sistemas de Pagamentos de 2010 do Banco de Portugal, ontem divulgado, a quantidade de cheques passados no ano passado caiu 12,1% face a 2009, com uma redução de 7,6% em valor. No entanto, continuam a ser o meio de pagamento que movimenta maiores volumes: 123,7 mil milhões de euros pagos através de 95,7 milhões de cheques.

O incumprimento associado a este meio de pagamento também caiu. As devoluções de cheques por falta de provisão, ou seja, os chamados cheques "carecas" diminuíram de 850 mil para 676 mil entre 2009 e 2010, correspondendo a uma queda de 20,4%.

De referir que o valor médio de cada cheque passado foi de 2,2 mil euros (mais 5,9% que no ano anterior), provando que este instrumento ainda continua a ser preferido para transacções com montantes mais elevados.

Mas enquanto o uso dos meios tradicionais de pagamento estão em queda - os efeitos comerciais, ou seja, as letras e recibos de rendas de casa caíram 12,7% em quantidade e 6% em valor - os instrumentos electrónicos continuam a crescer.

O sistema Multibanco foi utilizado para pagar 86,6 mil milhões de euros no ano passado, num total de 1,6 mil milhões de operações, traduzindo-se num crescimento de 8,1% em valor e 6,6% em quantidade. Em média, o valor de cada operação de levantamento no Multibanco feito por portugueses foi de 107 euros.

As transferências a crédito aumentaram 9,2% em quantidade, movimentando 119,2 mil milhões de euros, mais 8,8% do que em 2009. Cerca de 20% destas operações são prestações da Segurança Social, 18% são reembolsos do Estado e apenas 5,6% são ordenados.

Os débitos directos, outra forma de pagar electronicamente, cresceram 10,2% em quantidade e 7,5% em valor, tendo atingido os 15,7 mil milhões de euros em pagamentos.

Todos estes movimentos de pagamentos são registados através do Sicoi (Sistema de Compensação Interbancária), compostos pelos diversos subsistemas, que são, na prática, os diferentes meios de pagamento movimentados no sistema financeiro português.

Assim, no total, o Sicoi processou 1937,3 milhões de operações, no valor de 346,6 mil milhões de euros, representando face ao ano anterior um acréscimo de 5,8% em quantidade e de 2,1% em valor. Trata-se de uma recuperação relativamente a 2009, ano em que se tinha registado uma queda de 4,6% face a 2008.