Administração diz ter "condições mínimas" nas urgências do S. Francisco Xavier
Os chefes de equipa do serviço de urgência do Hospital São Francisco Xavier anunciaram a demissão, numa carta enviada esta sexta-feira ao Conselho de Administração e à Direção do Serviço de Urgência Geral do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO).
Após uma reunião, o conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (CHLO) disse ter asseguradas "condições mínimas" para o funcionamento das urgências do Hospital São Francisco Xavier, onde os chefes do serviço de urgência anunciaram a demissão.
"Estão asseguradas as condições mínimas para [as urgências] funcionarem de um modo que não é aquilo que a gente quer, absolutamente, mas que mantêm a segurança", afirmou a presidente do conselho de administração, Rita Perez, sublinhando, a propósito da carta enviada pelo grupo de 19 assistentes hospitalares, que "não ficou claro e evidente que se iriam demitir".
Em declarações aos jornalistas após a reunião com os profissionais que subscreveram a carta, Rita Perez adiantou ter proposto a criação de um grupo de trabalho. Na base desta situação está o planeamento da escala do mês de agosto, que prevê que a constituição das equipas do serviço de urgência geral (SUG) seja assegurada apenas por um assistente hospitalar (com função de chefia) e um interno de formação geral
"Isto é um problema de atratividade para o Serviço Nacional de Saúde. Agora já existe um instrumento legislativo que nos permite pagar horas extraordinárias de outra forma - muito mais atrativa - e a maioria das pessoas que estava nessa assembleia já poderá receber horas extraordinárias de outra forma", frisou.
Segundo a carta enviada por um grupo de assistentes hospitalares de medicina interna, a que a Lusa teve acesso, está em causa o planeamento da escala do mês de agosto, que prevê que a constituição das equipas do serviço de urgência geral (SUG) seja assegurada apenas por um assistente hospitalar (com função de chefia) e um interno de formação geral.
"Não estarão garantidas a capacidade de assistência e cuidados às pessoas que recorrem ao SUG do CHLO nem a segurança destas e dos profissionais que as assistem. Nesse sentido, concretizando-se este planeamento e a constituição das equipas nele proposta, o grupo apresentará a sua demissão em bloco da função de chefia do SUG, a aplicar a partir do mês de agosto", pode ler-se na carta, tornada pública esta sexta-feira.
Estes profissionais de saúde manifestaram "profundo desagrado e indignação" relativamente a esta situação, lembrando que "a crise que vive o SUG é antiga e tem-se vindo a agravar progressivamente" e exigindo uma "mudança radical e urgente" da Direção do Serviço de Urgência (DSU) e do Conselho de Administração do CHLO.
Sublinharam também que a disponibilidade e o esforço para cumprir as necessidades de assistência aos cidadãos, em condições crescentemente precárias, "têm sido cada vez maiores".
"Consideramos esta composição das equipas imposta pela DSU imensamente desadequada, não só perante a afluência diária de utentes ao SU [serviço de urgência], mas também pela necessidade mantida de repartição da equipa médica em dois circuitos (doentes com queixas respiratórias e não respiratórias). A composição proposta tem, ainda, implicações diretas e significativas na formação médica geral e especializada, que fica assim posta em causa", referem os 19 profissionais que assinam a carta.
Outra fonte ligada aos médicos revelou também que mais de 20 profissionais de saúde vão entregar hoje minutas de isenção de responsabilidade, remetendo-a para o Conselho de Administração face aos problemas na constituição das equipas do serviço de urgência.
O São Francisco Xavier é um dos vários hospitais portugueses que está a contas com constrangimentos no bloco de partos, que vai estar encerrados desde as 9:00 desta sexta-feira até às 9:00 deste sábado e voltará a encerrar entre as 21:00 de sábado e as 9:00 de domingo.