Chefe do Estado Islâmico mostra-se pela primeira vez desde 2014

Abu Bakr al-Baghdadi aparece num vídeo de 18 minutos em que promete vingança depois da queda do califado jihadista na Síria
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O líder do grupo Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al-Baghdadi, apareceu em público pela primeira vez em cinco anos, num vídeo de propaganda transmitido pela organização jihadista nesta segunda-feira.

Numa mensagem gravada em vídeo e com a duração de 18 minutos, divulgada por um grupo de media do Estado Islâmico e distribuído pelo SITE Intelligence Group, o homem identificado como tratando-se de Abu Bakr al-Baghdadi senta-se no chão de uma sala de estar de estilo árabe, falando a um grupo de seguidores não identificados. com uma arma ao lado.

A data do vídeo não é conhecida, mas o líder do "califado" jihadista autoproclamado em 2014 declara que "a batalha por Baghuz acabou", em referência à derrota do grupo no leste da Síria, no final de março. Abu Bakr promete ainda que o Estado Islâmico vai vingar-se pela morte e pela prisão dos seus militantes.

É a primeira vez que Baghdadi é visto desde julho de 2014, quando anunciou a criação do califado do Estado Islâmico. Este novo vídeo marca o regresso de Abu Bakr al-Baghdadi às aparições públicas depois da intervenção no púlpito da Grande Mesquita de Mossul, cidade iraquiana que foi ocupada pelo grupo entre 2014 e o final de 2017.

No vídeo, segundo o SITE Intelligence Group, o chefe do Daesh elogia os autores dos ataques no Sri Lanka na semana passada, dizendo que eles se vingaram pela perda de Baghuz, o último território do califato na Síria, para as forças democráticas sírias apoiadas pelos EUA. Os ataques terroristas no Sri Lanka, que fizeram mais de 200 mortos, foram reivindicados pelos EI.

Dado como morto em várias ocasiões

A figura de Baghdadi sempre encerrou grande mistério. A ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos chegou a avançar a sua morte em 11 de julho de 2017, embora sem detalhar a data ou o local, numa informação divulgada quase um mês depois de a Rússia afirmar que Baghdadi poderia ter morrido em 28 de maio do 2017, durante um bombardeamento de forças russas ao sul da cidade de Raqqa, que era a "capital" do EI na Síria.

No entanto, por vezes surgiam mensagens de áudio atribuídas ao líder extremista a encorajar os militantes a continuarem a sua chamada "guerra santa". Os Estados Unidos e a coligação internacional sempre mostraram reservas quanto às notícias da morte de Baghdadi, embora considerem que já não se trata de uma ameaça e que viverá escondido depois de ter sido encurralado no vale do rio Eufrates, no leste da Síria.

A última "prova de vida" de Baghdadi, antes deste vídeo, remontava a 22 de agosto de 2018, quando o Estado Islâmico divulgou uma gravação de 54 minutos, por altura do início das celebrações da Festa do Sacrifício, uma das principais celebrações da cultura muçulmana.

Nessa gravação, Al-Baghdadi pedia aos militantes jihadistas para continuarem com a luta, numa mensagem cuja autenticidade não foi possível verificar mas na qual eram abordados acontecimentos recentes da luta em território sírio.

Nascido no Iraque

Abu Bakr al-Baghdadi nasceu em 1971 em Samarra, no Iraque.

Foi durante o seu período de pós-graduação, quando concluiu o mestrado e o doutoramento em Estudos do Alcorão na Universidade Saddam para Estudos Islâmicos, no Iraque, que se envolveu com grupos islâmicos radicais

No final de 2000, rendeu-se ao jihadismo e envolveu-se com a al-Qaeda no Iraque, da qual nasceu o grupo militante do Estado Islâmico.

Desde a sua aparição pública em 2014, na mesquita de Mossul, permaneceu na sombra por largos períodos, intercalados por relatos não confirmados da sua morte e algumas mensagens de áudio não verificadas.

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