Checos votam sexta-feira e sábado para escolher sucessor do eurocético Vaclav Klaus
Num ambiente marcado pela austeridade e pela recessão económica, a primeira volta da corrida presidencial checa será disputada por nove candidatos, incluindo dois antigos primeiros-ministros e um artista que tem 90 por cento do corpo tatuado.
As últimas sondagens dão vantagem a dois antigos governantes: Milos Zeman (esquerda), primeiro-ministro entre 1998 e 2002, e o centrista Jan Fischer, que liderou interinamente o governo checo entre 2009 e 2010.
Os dois candidatos recolhem, individualmente, entre 20 a 25 por cento das intenções de voto, indicaram as mais recentes projeções, que revelam que Zeman detém uma ligeira vantagem.
A grande surpresa destas eleições pode vir a ser Vladimir Franz, um excêntrico compositor e pintor checo que conseguiu conquistar o eleitorado mais jovem.
De acordo com os jovens checos, o artista, com o corpo quase todo tatuado, conhecido como "Avatar" ou "Franz Joseph II", conseguiu desafiar, com sucesso, a classe política.
"Quero mobilizar a sociedade civil, para que as pessoas reflitam mais e leiam nas entrelinhas", disse o artista, que surge entre a terceira e a sexta posição nas sondagens.
"Não tenho a certeza de que as sondagens sejam absolutamente credíveis para esta primeira eleição presidencial por sufrágio universal direto", referiu, em declarações à agência noticiosa francesa AFP, o politólogo Tomas Lebeda, da Univerzita (Universidade) Karlova, em Praga.
"Nas eleições legislativas, os eleitores decidem de maneira racional, em função do programa económico dos partidos. Mas é provável que estes fatores tenham um papel menos importante nesta eleição presidencial", acrescentou o académico.
Os dois principais partidos políticos checos, CSSD (sociais-democratas) e ODS (Partido Democrático Cívico, liberais, a força política de Vaclav Klaus), também estão representados na disputa presidencial.
As duas forças políticas apresentam como candidatos os respetivos vice-presidentes, Jiri Dientsbier (CSSD) e Premysl Sobotka (ODS).
O atual ministro dos Negócios Estrangeiros checo, Karel Schwarzenberg, também é candidato presidencial pelo partido de direita TOP 09.
Nos boletins de voto constam ainda os nomes de três mulheres: a presidente do movimento eurocético "Soberania" Jana Bobosikova, a atriz e antiga deputada Tatana Fischerova e a eurodeputada democrata-cristã Zuzana Roithova.
Se nenhum candidato presidencial conseguir no sábado uma maioria absoluta, o calendário eleitoral prevê uma segunda volta nos dias 25 e 26 de janeiro.
O novo Presidente checo eleito será o terceiro desde a independência da República Checa em 1993, após o histórico dissidente Vaclav Havel, que morreu em 2011, e o eurocético Vaclav Klaus. O segundo mandato presidencial de cinco anos de Klaus termina no próximo dia 07 de março.
Os dois antigos chefes de Estado foram eleitos pelo Parlamento, num procedimento muito criticado pela sua complexidade.
Em fevereiro de 2012, os deputados checos decidiram que a eleição do Presidente passaria a ser realizada através de sufrágio universal direto.
Com uma população de 10,5 milhões de habitantes (valores de setembro de 2012), a República Checa é fortemente dependente das exportações automóveis para os países da União Europeia (UE), nomeadamente para a Alemanha.
Membro da UE, desde maio de 2004, mas não da zona Euro, a República Checa registou um crescimento económico de 1,7 por cento em 2011, depois de ter registado 2,7 por cento em 2010. No ano passado, o país liderado por Vaclav Klaus entrou em recessão, com um défice orçamental de 3,5 por cento, segundo as estimativas do governo de Praga.
A taxa de desemprego rondava os 8,7 por cento em novembro de 2012.