Chavistas perderam até em Barinas, terra natal de Hugo Chávez

Oposição critica demora dos resultados, garantindo ter maioria de dois terços
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O mapa eleitoral venezuelano pintou-se de azul, a cor da opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), incluindo em alguns locais que são emblemáticos para o chavismo: em Barinas, estado natal do falecido presidente Hugo Chávez, e no Bairro 23 de Janeiro de Caracas, onde ele votava e onde desde março de 2013 está o seu túmulo. A oposição continua contudo à espera que sejam revelados os resultados finais oficiais das eleições de domingo, dizendo que conseguiu uma maioria de dois terços (112 deputados), suficientes para fazer a reforma da Constituição.

Em Barinas, a derrota chavista foi ainda mais dolorosa porque atingiu um irmão de Chávez, Argenis, e um primo do ex-presidente, Asdrúbal. Só se safou o irmão mais velho, primeiro na lista, Adán. "A MUD derrotou todos esses Chávez. A sua lista foi a mais apoiada (214 622 voos, 55,89%) e conquistou os quatro deputados nominais. No total, obteve cinco deputados contra apenas um vermelho, Asdrúbal Chávez", lia-se num comunicado do partido da oposição.

"Instamos o governo a parar de chorar e a começar a trabalhar", disse o líder da MUD, Jesús Torrealba, numa conferência de imprensa, sob um cartaz em que se lia "obrigado Venezuela, ganhámos!". O último boletim oficial do Conselho Nacional Eleitoral publicado na madrugada de terça-feira em Lisboa dava à oposição 107 deputados, contra 55 do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). Ficavam por distribuir cinco lugares, três deles reservados aos indígenas e dois do estado de Arágua. A MUD garante que conseguiu os cinco e que já viu as atas que o confirmam (apesar de ainda não terem sido publicadas).

Ao conquistar 112 lugares, a oposição fica com uma "supermaioria", que lhe dá todo o poder da Assembleia Nacional. Poderá convocar referendos ou uma assembleia constituinte, destituir os magistrados do Supremo Tribunal, aprovar e modificar leis orgânicas, votar reformas constitucionais e impor, através da redução da duração do mandato, a saída antecipada do presidente Nicolás Maduro.

Suspeitas "absurdas"

O ex-primeiro-ministro espanhol, José Luis Zapatero, um dos poucos observadores internacionais convidados pelo governo para as eleições de domingo, lamentou na segunda-feira que ainda não se tivessem publicado os resultados definitivos. Contudo, considerou "absurdas" as suspeitas de fraude. Com um resultado tão esmagador seria absurdo apontar sequer uma suspeita", disse. Esperamos que o Conselho Nacional Eleitoral dê uma razão técnica para os atrasos na entrega dos dados finais", acrescentou Zapatero. Mas quase um dia depois ainda não tinham sido divulgados.

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