Chapéu de Gabriel abrigou as águias do vento algarvio
O Benfica garantiu ontem o apuramento para a 4.ª eliminatória da Taça de Portugal ao vencer o Olhanense, do Campeonato de Portugal, por 1-0, em jogo disputado no Estádio do Algarve.
Valeu à equipa de Rui Vitória o bonito chapéu de Gabriel Barbosa logo aos quatro minutos, após excelente passe de Pizzi, para fazer a diferença numa partida em que o primeiro a ser colocado à prova até foi o estreante Mile Svilar, que se tornou no guarda-redes mais jovem de sempre a defender a baliza encarnada, e que logo de entrada teve de fazer a mancha para evitar que Galassi abrisse o marcador.
O golo tranquilizou a equipa de Rui Vitória que vinha de dois jogos sem vencer antes da paragem para as seleções. A equipa jogava com tranquilidade, mas sem o dinamismo e a velocidade que precisava perante um adversário guerreiro e que, admitindo as suas limitações, procurava ferir os tetracampeões nacionais através de contra-ataques velozes, sobretudo pelo lado direito, conduzidos pelo veloz Jefferson Encada, de apenas 19 anos.
Certo é que o Benfica raramente se expôs ao perigo no primeiro tempo, fazendo valer um meio-campo a três, onde Fejsa era o guarda-costas de Pizzi e Krovinovic. Rafa Silva jogava na ala esquerda e Gabriel Barbosa na direita mas sempre à procura de se juntar a Seferovic no meio, permitindo que Douglas fosse um autêntico extremo. O lateral brasileiro acabou por ser um dos destaques do primeiro tempo pelas suas incursões no ataque e cruzamentos, o pior veio após o intervalo.
Rafa Silva e Rúben Dias estiveram muito perto de aumentar a vantagem encarnada, mas Pedro Albino, quase em cima da linha de golo, e o guarda-redes Cléber mantiveram a incerteza no resultado para o segundo tempo. Foi aí que o Olhanense investiu tudo para chegar ao empate. Jefferson Encada colocou a nu as debilidades defensivas de Douglas, que várias vezes foi ultrapassado pela velocidade do guineense emprestado pelo Sporting.
Aos poucos começava a pairar o fantasma que tem assolado o Benfica, que esta época não venceu quatro jogos em que foi para o descanso a vencer por 1-0. Seria este o quinto? Aos 51 minutos, Léléco rematou ao lado em mais uma fuga de Jefferson, fez crescer essa dúvida. A equipa de Rui Vitória não conseguia surpreender a organização defensiva dos algarvios, que lutavam até à exaustão por todas as bolas, embora depois desse lance não tenham tido mais oportunidades de golo.
Os miúdos do Seixal agitam
Os encarnados eram uma equipa previsível, sobretudo porque na frente Seferovic esteve sempre muito estático e desastrado, Rafa perdeu a bola demasiadas vezes e Gabriel Barbosa apagou-se depressa, acabando por ser rendido por Diogo Gonçalves, um dos miúdos formados no Seixal que tiveram o condão de agitar a equipa. Foi, aliás, dele o lance mais vistoso ao atirar uma bomba à barra da baliza de Cléber, seis minutos depois de ter entrado.
Já depois do eslovaco Chrien, foi a vez de Rui Vitória lançar o quarto estreante: João Carvalho, o outro menino do Seixal que até devia ter entrado mais cedo, pois veio dar mais fantasia aos encarnados na criação de jogadas ofensivas.
Com o passar dos minutos, o Olhanense pareceu acusar a fadiga e deixou de ter tanta lucidez nas saídas para o ataque, ainda assim nos instantes finais bombeou bolas para a área encarnada, embora sem efeitos práticos.
Sem brilho mas com eficácia, o Benfica voltou a vencer fora de casa dois meses depois - a última vez havia sido em Chaves no último minuto. Aliás, este é apenas o sétimo triunfo nos 16 jogos que disputou longe da Luz neste ano de 2017... uma tendência que, obviamente, se agravou no início desta temporada e que deve deixar Rui Vitória e os responsáveis encarnados preocupados. Pelo quinto ano consecutivo, o Benfica vence pela margem mínima na terceira eliminatória da Taça de Portugal, sempre fora e perante adversários de escalões inferiores.
Ultrapassado o combativo Olhanense, o grau de dificuldade subirá quarta-feira em flecha com a presença do Manchester United na Luz. E aí o Benfica terá de ser muito melhor se quiser somar os primeiros pontos na Liga dos Campeões.