"A violência contra os europeus parece ter começado na Argélia. E bastou uma pequena centelha para lançar o fogo à tremenda excitação dos muçulmanos, aos ódios mal disfarçados, para abrir livre curso às vinganças ou à chacina", escrevia o Diário de Notícias na primeira página de 6 de julho de 1962, dando conta de como as manifestações da independência em Orão na véspera tinham resultado em 30 mortos e 50 feridos.."Recomeçou a chacina na Argélia" era o título do artigo, que contava como "na perseguição aos europeus os muçulmanos mataram à facada 13 pessoas e feriram 25"..A 5 de julho de 1962, quando toda a Argélia festeja a independência da França (reconhecida dois dias antes e proclamada naquele mesmo dia pelo general de Gaulle, três meses e meio depois da assinatura dos acordos de Evian que puseram fim à guerra), Orão era palco do massacre..O artigo, que continua na página 5, dá conta de vários incidentes contra europeus e de como a violência se propagou por toda a cidade. "Os tiros de pistola iniciais foram logo acompanhados por rajadas de metralhadoras dos militares muçulmanos", lê-se. "De todos os lados partiam tiros: os militares da FLN [Frente de Libertação Nacional], os civis da FLN e os ATO [auxiliares muçulmanos da polícia) e os próprios militares franceses. Todos disparavam no meio da maior confusão", diz o artigo.."O que é mais dramático é que talvez nunca se chegodo a apurar como começaram os tiroteios", escreveu o DN. "Ninguém sabe quem disparou os primeiros tiros. Civis muçulmanos com pistolas nas mãos têm sido vistos nos bairros europeus e alguns têm disparado para o ar a fim de exteriorizarem a sua alegria", acrescentaram.