Benfica em queda livre perde décimo ponto em cinco jogos

A equipa de Bruno Lage não foi além do empate 1-1, com o V. Setúbal, e só não viu fugir o FC Porto na liderança porque a equipa de também empatou o seu jogo. Nas últimas oito partidas, os encarnados só venceram uma...
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O Benfica esteve na iminência de deixar escapar as hipóteses de conquistar o título de campeão nacional ao empatar 1-1, no Bonfim, com o Vitória de Setúbal, em partida da 24.ª jornada. A equipa de Bruno Lage acabou por ser salva por o empate caseiro do FC Porto com o Rio Ave, que mantem a diferença entre as duas equipas em um ponto apenas.

Este foi o terceiro empate consecutivo dos encarnados, que nos últimos oito jogos para todas as competições só venceu um, em Barcelos, com o Gil Vicente. Aliás, essa foi a única vitória nos últimos cinco jogos para o campeonato, uma sequência que custou dez pontos aos encarnados e, consequentemente, viram esfumar-se uma vantagem de sete pontos que tinha na liderança. E quando terminou o jogo do Bonfim, os benfiquistas já faziam contas à vida, pois parecia inevitável que a distância para os dragões aumentasse para três pontos, afinal não aconteceu e fica tudo na mesma na luta pelo título.

Esta autêntica queda livre do Benfica iniciou-se, precisamente, no Dragão, numa altura em que já se sentia que a equipa estava em quebra, sobretudo no processo defensivo. Os problemas foram acentuando-se e, como que uma doença que se foi alastrando, e agora já atingem a organização ofensiva. E a prova disso é que os encarnados, que de destacavam pelos muitos golos que marcavam, agora perderam essa força. A agravar isso, Pizzi deixou de ser eficaz da marca de penálti: no Bonfim voltou a ter duas oportunidades, marcou uma e falhou outra, tornando-se no jogador que mais penáltis falhou na história do Benfica: seis, mais um que Cardozo.

O Vitória de Setúbal arrancou o empate com mérito, pois conseguiu bloquear os encarnados na primeira parte e depois, no início de segunda parte, fez o golo por Carlinhos e depois defendeu como pode, acabando garantir depois um ponto quando o Benfica forçou para alcançar os três pontos.

Águias lentas e previsíveis

Bruno Lage surpreendeu ao tirar do onze inicial Rafa Silva e Weigl para lançar Chiquinho e Franco Cervi, fazendo recuar Taarabt para segundo médio, ao lado de Samaris. Isto depois de alguns jogos do marroquino a jogar como segundo avançado.

A primeira parte foi uma espécie de jogo do gato e do rato, com o Benfica a comandar o jogo perante um V. Setúbal com as linhas muito juntas e instalado no seu meio-campo para retirar espaços e procurar aproveitar o momento certo para chegar à baliza de Vlachodimos.

Os encarnados, a jogar de forma muito lenta e previsível, não se revelavam capazes de descobrir os caminhos para a área sadina, abusando dos lançamentos longos para as costas da defesa adversária, à espera que Pizzi, Tomás Tavares, Vinícius ou Cervi se isolassem para criar oportunidades para marcar. Mas essa estratégia foi um verdadeiro fiasco, uma vez que os setubalenses estavam muito juntos e bloqueavam os espaços por onde a bola pudesse passar.

Num jogo morno e até desinteressante, acabou por ser o Vitória a criar a primeira grande oportunidade para marcar. Foi só aos 27 minutos, quando Mansilla ganhou sobre Tomás Tavares e cruzou para Zequinha, que rematou de primeira, com a bola a sair perto do poste da baliza de Vlachodimos.

Este lance não teve o condão de agitar o jogo. A toada manteve-se, com o Benfica sem ideias e de forma lenta à procura de entrar na defesa adversária, sem sucesso. A única oportunidade de perigo da equipa de Bruno Lage acabou por surgir em cima do intervalo quando Samaris desviou ao primeiro poste um canto de Pizzi, que defendeu com a bola a sair junto ao poste.

Sadinos voltam com golo

Para o segundo tempo, era preciso um Benfica muito melhor para garantir os três pontos e continuar na luta acesa pela revalidação do título. Só que no primeiro lance, Carlinhos aproveitou a passividade defensiva dos encarnados para surgiu sozinho no coração da área e abrir o marcador. Um golo que acaba por ser o espelho da equipa de Bruno Lage no último mês: com demasiada falta de agressividade e erros de marcação que a colocam em risco.

Em desvantagem, o Benfica reage de imediato e na sequência de um canto José Semedo toca com o braço na cara de Rúben Dias, levando o VAR a alertar o árbitro para penálti. Pizzi, que havia falhado dois com o Moreirense, desta vez marcou e fez o empate quatro minutos depois do golo sadino.

A partir deste momento, os sadinos voltaram a recuar no terreno, com as linhas muito juntas, como aconteceu no primeiro tempo. Era o Benfica que tinha de ir à procura da vitória, e o Vitória sabia que à medida que o tempo passasse os nervos e a ansiedade iria apoderar-se da equipa de Bruno Lage.

Pizzi empata e desperdiça a vitória

O treinador benfiquista lançou então Rafa Silva para o lugar de Chiquinho, na tentativa de aproveitar as demasiadas bolas que eram lançadas nas costas dos sadinos. Aliás, o Benfica parece que agora já não sabe jogar de outra forma...

Mas foi só depois da entrada de Dyego Sousa que o Benfica começou a criar mais dificuldades ao V. Setúbal. O luso-brasileiro acabou mesmo por oferecer o 2-1 a Pizzi que rematou por cima e, pouco depois, foi a vez Rafa rematar com a bola a embater no braço de Artur Jorge. Novo penálti para Pizzi que, tal como com o Moreirense, rematou ao lado, perdendo a hipótese de colocar a equipa em vantagem.

Este lance como que esvaziou o balão da esperança benfiquista e permitiu ao Vitória acreditar que o empate já não lhe fugiria. E a verdade é que só por uma vez foi ameaçado, quando Grimaldo rematou forte para uma excelente defesa de Makaridze.

Com o apito final do árbitro, a desilusão apoderou-se dos jogadores do Benfica, que terão de encontrar forças para reagir a esta série negra de resultados, mas que pelo que se viu este sábado no Bonfim, a espiral é tão negativa que até eles já devem duvidar deles próprios.

Quanto ao V. Setúbal, mostrou-se uma equipa combativa, com grande capacidade de sacrifício e que justificou o ponto conquistado.

A Figura - Carlinhos

O médio brasileiro marcou o golo que colocou o V. Setúbal em vantagem e, pouco depois, teve nova oportunidade mas o remate saiu para as mãos de Vlachodimos. Trabalhou muito nas tarefas defensivas, procurando bloquear a zona central, e depois era o primeiro a procurar fazer a ligação com o ataque, à procura de aparecer em zonas para o remate

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FICHA DO JOGO

Estádio do Bonfim, em Setúbal
Árbitro: João Pinheiro (Braga)

V. Setúbal - Makaridze; Sílvio, Artur Jorge, Jubal, André Sousa; Carlinhos (Leandrinho, 87'), Nuno Valente, José Semedo; Zequinha, Nabil Ghilas (Hélder Guedes, 78'), Mansilla (Antonucci, 82')
Treinador: Julio Velázquez

Benfica - Vlachodimos, Tomás Tavares, Rúben Dias, Ferro, Grimaldo; Pizzi, Samaris (Weigl, 71'), Taarabt, Franco Cervi (Dyego Sousa, 71'); Chiquinho (Rafa Silva, 56'), Carlos Vinícius
Treinador: Bruno Lage

Cartão amarelo a José Semedo (51'), Mansilla (54'), Tomás Tavares (61'), Samaris (68'), Artur Jorge (75'), Nuno Valente (84')

Golo: 1-0, Carlinhos (47'); 1-1, Pizzi (51' gp)

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