Cerca de 770 sismos na sexta-feira, mas não há evidência de erupção vulcânica

A medição de gases e temperatura no solo na área epicentral não resultou, até à data, na identificação de qualquer anomalia.
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Cerca de 770 sismos de baixa magnitude foram registados durante o dia de sexta-feira na ilha São Jorge, anunciou o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), que reiterou que não há evidências de estar iminente uma erupção vulcânica.

"Entre as 00:00 e as 22:00 de hoje [horas dos Açores, menos uma do que em Lisboa] foram contabilizados aproximadamente 770 eventos, o que reflete uma ligeira diminuição da atividade sísmica. Todos os sismos registados até ao momento são de baixa magnitude e evidenciam uma origem de natureza tectónica", adiantou o CIVISA na sexta-feira à noite.

Num ponto de situação sobre a crise sísmica que se regista em São Jorge desde sábado, o CIVISA referiu que a medição de gases e temperatura no solo na área epicentral não resultou, até à data, na identificação de qualquer anomalia, continuando os levantamentos de campo nos próximos dias.

No âmbito da monitorização geodésica, o CIVISA, em colaboração com outras entidades, está a reforçar a rede de observação baseada em estações GNSS e a proceder ao tratamento de imagens de satélite.

"Os dados existentes até à data corroboram as observações sismológicas ao indiciarem a existência de alguma deformação na área epicentral", avançou ainda o centro que assegura a monitorização e a avaliação dos perigos geológicos nos Açores.

Em comunicado, o CIVISA alertou para a possibilidade de ocorrência de sismos que podem atingir magnitudes mais elevadas do que as registadas até ao momento, assim como para o perigo de ocorrência de derrocadas potenciadas pela atividade sísmica e pelas adversas condições meteorológicas que afetam o arquipélago.

"Não há evidências de estar iminente uma erupção vulcânica, embora tal cenário não esteja afastado", salientou.

A coordenadora das operações do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores em São Jorge reconheceu que o mau tempo deverá afetar a medição de gases na ilha.

Em declarações à agência Lusa, Fátima Viveiros salientou, contudo, que acredita que é possível monitorizar um eventual "aumento enorme de dióxido carbono", apesar das condições meteorológicas adversas sentidas na ilha.

"[Com mau tempo], ao nível dos gases só conseguimos fazer metade do perfil que gostaríamos porque quando chove o terreno fica de tal forma molhado que o gás não sai. Chega ali às camadas superficiais do terreno e está tudo, na linguagem corriqueira, empapado e não ascende à superfície", explicou.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, está a acompanhar a crise sismovulcânica em São Jorge, onde pensa deslocar-se brevemente, considerando que "não há razão para insegurança".

O chefe de Estado referiu que, "no imediato, entendem os especialistas que não há questões para alarmes da parte da população".

"É uma situação incómoda aqueles micro, microssismos, mas que não há razão para insegurança", declarou na sexta-feira, explicando haver "um acompanhamento a médio prazo das consequências, da evolução e, naturalmente, a montagem dos esquemas para uma eventual situação que neste momento não está prevista".

Marcelo Rebelo de Sousa referiu ainda que o presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, "ele próprio deu o exemplo, porque foi dormir a São Jorge".

A crise sismovulcânica iniciou-se a 19 de março na parte central da ilha de São Jorge, numa área compreendida entre Velas e Fajã do Ouvidor, e "continua acima dos valores de referência".

O sismo mais energético desta crise ocorreu às 18:41 (19:41 em Lisboa) desse dia, com epicentro a cerca de dois quilómetros da Urzelina e uma magnitude 3,3 na escala de Richter.

Até ao momento foram identificados cerca de 182 sismos sentidos pela população.

Segundo os dados provisórios dos Censos 2021, a ilha de São Jorge tem 8.373 habitantes, dos quais 4.936 no concelho das Velas e 3.437 no concelho da Calheta.

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