"Nós temos aqui uma subversão da lei. A Fidelidade é a empresa utilizadora, tem em Évora um serviço que é de informação permanente aos seus clientes, mas que é prestado por uma empresa de trabalho temporário. É um serviço que é prestado por uma empresa que tem os trabalhadores a ganhar o salário mínimo nacional, sendo que uma grande parte deles têm vínculos precários", acusou o secretário geral da CGTP, Arménio Carlos, à Lusa..E prosseguiu: "Aquilo que estamos a dizer é que é preciso acabar com a subversão da lei. Para um serviço permanente deve corresponder um contrato permanente e com a Fidelidade e, depois, é preciso acabar com as discriminações salariais e introduzir o princípio pelo respeito pela contratação coletiva que é algo que não existe neste centro de contacto de Évora"..Para o líder sindical, a atual situação "subverte a lei e os princípios", e justifica-se no caso da Fidelidade "apenas e só" por ter "trabalhadores com piores salários e menos direitos" e porque, em contrapartida, "vê aumentar os seus lucros"..Num esclarecimento, a Fidelidade disse que "gostaria de deixar claro que os participantes nesta greve não pertencem aos quadros pessoal desta companhia"..A seguradora entende que no seguimento da concentração de funcionários da Newspring, prestadora de serviços no Contact Center da Newspring de Évora, junto das instalações da Fidelidade, no Largo do Calhariz, em Lisboa, "todas as reivindicações devem ser dirigidas à Newpring, pelas vias adequadas"..A Fidelidade refere ainda que "subcontrata regularmente funções que não fazem parte do núcleo central de uma seguradora e que requerem um nível alto de especialização, como são o caso da Segurança, Consultoria de Negócio, Tecnologia de Informação, Medicina, (...) entre outras, sendo a subcontratação de serviços de Contact Center apenas mais um exemplo" desse tipo de serviços..No esclarecimento, a Fidelidade dá nota de que os últimos dados da rigorosa monitorização apontam para níveis de satisfação dos colaboradores da Newspring em Évora "superiores a 90%", e lembra que a relação com o movimento sindical, nomeadamente com o Sindicato Nacional dos Profissionais de Seguros e Afins (Sinapsa) "tem sido pautada ao longo dos anos por respeito mútuo e colaboração profícua", que resultaram, recentemente, num "acordo histórico" entre a companhia e todos os sindicatos afetos à CGTP e à UGT, no processo de negociação do novo Acordo Coletivo de Trabalho e que abrangerá os próximos três anos, 2019-2021. .Arménio Carlos criticou à Lusa a existência de uma "tripla discriminação"..Em primeiro lugar, condena o facto de a empresa de trabalho temporário "estar a pagar o salário mínimo nacional às trabalhadoras de Évora e, simultaneamente, estar a contratar trabalhadores em Lisboa a 700 euros, uma diferença de 100 euros"..Em segundo lugar, lembrou que as trabalhadoras "porque receberam formação recebem também orientações da Fidelidade, pelo que devem ser também trabalhadores da seguradora e não o sendo estão igualmente a ser prejudicadas porque têm salários muito inferiores aos da Fidelidade e não são abrangidas pela contratação coletiva"..Por fim, disse que "estas trabalhadoras reclamam condições para que o seu sindicato negoceie com a Fidelidade e a empresa de trabalho temporário e estas, até agora, têm sistematicamente ou recusado ou andado a fugir à negociação".."O que dizemos é que não se justifica que estas três discriminações se mantenham e o que queremos é que a um posto de trabalho permanente corresponda um vínculo de trabalho efetivo, isto é, os mesmos direitos e os mesmos salários dos trabalhadores da Fidelidade já que estas trabalhadoras do 'call center' de Évora têm os mesmos deveres dos trabalhadores da Fidelidade", salientou o líder sindical..Em comunicado, a NewSpring Services, empresa do grupo HCCM, que contava em Portugal com cerca de 1.400 colaboradores em Portugal no final de 2018, afirmou hoje que o movimento de contestação sindical que "tem afetado o Contact Center da NewSpring Services em Évora tem tido uma reduzida adesão" por parte dos colaboradores que "maioritariamente (...) não se revêm nas reivindicações e formas de luta dos sindicatos"..A empresa escuda-se no abaixo assinado subscrito "pela maioria dos trabalhadores do 'contact center' da Fidelidade de Évora", datado de 13 de dezembro de 2018"..No abaixo assinado, "esta maioria de trabalhadores repudiou o ambiente de conflitualidade, perturbação e medo que se tem gerado em relação à atividade sindical", lembrando que "está e sempre esteve aberta a um diálogo constante e construtivo com todos os legítimos representantes dos ses trabalhadores e cumprindo escrupulosamente as normas laborais em vigor (...)".