O ministro das Finanças admitiu hoje, em Bruxelas, que, confirmando-se a adoção das recomendações da Comissão Europeia sobre o défice excessivo português pelo Conselho Ecofin, o foco do Governo é garantir a chamada "sanção zero".."Onde estamos neste momento focados é garantir que não há consequências orçamentais para o país daquilo que é a recomendação da Comissão Europeia. (...) É evidente que uma 'sanção zero' é um resultado que garante que não há consequências orçamentais diretas sobre esta matéria, é um resultado possível", disse Mário Centeno, no final de uma reunião do Eurogrupo, em Bruxelas..As declarações de Mário Centeno surgem depois de o Eurogrupo ter confirmado que votará a favor das recomendações da Comissão relativas aos Procedimentos por Défice Excessivo (PDE) a Portugal e Espanha no Conselho de Ecofin de terça-feira, abrindo assim a via à aplicação de sanções.."Temos que entender que isto são decisões coletivas, tomadas num contexto em que o país não vota em si mesmo", comentou, quando questionado sobre o facto de Portugal não ter conseguido reunir uma maioria qualificada entre os países da zona euro que invertesse as recomendações da Comissão..Mário Centeno salientou que "o processo passará agora para o Ecofin e, confirmando-se a posição que hoje teve o Eurogrupo, o país, Portugal, vai ser ouvido", tendo oportunidade "para vincar a sua opinião, defender os seus pontos de vista, e nesse contexto o chamado processo de sanções evolui desta forma".."Ou seja, é nesse momento que Portugal vai apresentar as suas razões para defender a sua posição, e aquilo que vamos fazer mais uma vez é explicitar a posição do Governo nesta matéria", disse, acrescentando que tal será feito "muito brevemente, como é evidente".."Vamos ter que agir muito rapidamente nessa matéria, porque achamos que é do interesse de todos", reforçou..No final da reunião do Eurogrupo, o presidente do fórum, Jeroen Dijsselbloem, disse que se registou um "forte apoio às duas recomendações da Comissão" Europeia sobre os PDE a Portugal e Espanha, e que "os países da zona euro amanhã (terça-feira), no (Conselho) Ecofin, vão votar a favor da recomendação da Comissão de forma unânime"..Na semana passada, a Comissão Europeia abriu a porta à aplicação de inéditas sanções a Portugal e Espanha ao constatar que os dois países "necessitarão de novos prazos a fim de corrigir os seus défices excessivos" (que no caso português era 2015), por não terem feito os "esforços suficientes" para atingir as metas estabelecidas..Caso o Conselho confirme o parecer da Comissão Europeia, esta terá um prazo de 20 dias a partir de terça-feira para recomendar o montante da multa a aplicar, que pode ir até 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB), mas que também pode ser reduzida até zero, tendo os Estados-membros visados por seu turno 10 dias para apresentar a sua "defesa".