Centeno: "Esquerda desviou-se para ser ultrapassada pela direita"
"A esquerda desviou-se para ser ultrapassada pela direita" ao deixar aprovar um diploma que agrava o aumento da despesa com descongelamentos de carreiras (todas, professores incluídos) de 240 milhões para 800 milhões de euros anuais, acusou o ministro das Finanças, Mário Centeno, em entrevista à SIC, esta sexta-feira.
Centeno disse que o diploma, para já apenas aprovado na especialidade (votos favoráveis do PSD e do CDS, abstenção do PCP e do BE e votos contra do PS), vai ter "consequências para as decisões futuras" do próximo governo que emergirá das próximas eleições legislativas, agendadas para 6 de outubro.
O diploma, que ainda precisa de passar em votação final (em princípio até dia 15 de maio), impõe a devolução de cortes de salários, obrigando a contagem de todo o tempo de serviço que não foi tido em conta para as progressões nos últimos 9 anos, 4 meses e 2 dias.
A proposta do governo, já no terreno, apenas prevê a devolução de apenas 2 anos, 9 meses e 2 dias. É, diz Centeno, a solução que permite salvaguardar a estabilidade das contas públicas portuguesas.
O ministro foi à televisão insurgir-se com o facto de "nenhum partido ter colocado esta matéria no seu programa eleitoral" e considerou que as coisas foram feitas de forma "manhosa", sendo "uma falta de respeito pelos contribuintes e eleitores".
Tendo em conta todos os efeitos sobre todas as carreiras especiais (professores e outras, com forças de segurança, juízes, etc.), os dois decretos-lei que o governo aprovou (OE2018 e a lei dos 2 anos) estão em vigor e "acomodam já este ano um reforço de 240 milhões de euros".
Com a iniciativa do PSD e do CDS aprovada na quinta-feira com a abstenção da esquerda, Centeno reafirma que o aumento salarial que advém do descongelamento de carreiras dispara para 800 milhões de euros "em ano de cruzeiro", como refere uma nota do gabinete do ministro, enviada também esta sexta-feira.