CDU pede aos sociais-democratas para não fazerem exigências públicas
Os conservadores do partido da chanceler Angela Merkel (CDU) pediram na quinta-feira aos sociais-democratas (SPD) de Martin Schulz que não bloqueiem a tentativa de formar uma coligação governativa. Isto no dia em que os dois líderes partidários, bem como o presidente da CSU (partido irmão da CDU da Baviera), Horst Seehofer, se reuniram com o presidente Frank-Walter Steinmeier.
"Eu recomendo a todos que não devemos complicar os esforços para encontrar uma forma de cooperação estável sem criar linhas vermelhas em público", disse o ministro da Saúde, Hermann Groehe.
Mas o ambiente antes das conversações foi intoxicado por uma decisão controversa do ministro da Agricultura. O conservador Christian Schmidt irritou o SPD na segunda-feira, ao votar favoravelmente a renovação do uso do glifosato no espaço da União Europeia por mais cinco anos. Esta decisão, de um ministro em governo de gestão, e sem ter consultado o SPD (que também faz parte do governo e se opunha à aprovação do herbicida) fez com que os sociais-democratas tenham vindo a terreiro exigir mais condições para o estabelecimento de um acordo.
Os três partidos devem realizar reuniões de alto nível na sexta-feira para discutir os próximos passos. As opções em discussão são a reedição da coligação, um governo minoritário viabilizado pelo SPD ou novas eleições. Quase dois terços dos eleitores alemães deseja a reedição da grande coligação, de acordo com uma sondagem da Allensbach.
Merkel reatou a hipótese de se coligar com o SPD após o presidente Frank-Walter Steinmeier, antigo líder social-democrata, ter pressionado Martin Schulz para que este aceite fazer parte de uma solução para o impasse político.
Nas eleições de 24 de setembro, CDU e SPD foram castigados nas urnas e o partido de extrema-direita AfD tornou-se na terceira força política. Perante estes resultados,
Martin Schulz disse que os eleitores tinham mostrado o cartão vermelho à chamada "grande coligação" e disse que o SPD iria para a oposição.
Sem maioria no Bundestag, Merkel tentou formar a chamada coligação Jamaica (devido às cores dos partidos serem iguais às da bandeira do país caribenho), com verdes e liberais (FDP). Mas estes romperam as negociações.