Catalunha paga 500 mil euros a mulher violada durante saída precária do violador de Martorell
Foi ameaçada com uma navalha, obrigada a conduzir mais de 50 quilómetros até uma zona de bosque e violada repetidamente. Teve que entregar as chaves do carro e o pin do cartão multibanco (foram levantados depois mil euros da sua conta) antes de ser esfaqueada pelo menos sete vezes e atirada de uma altura de cinco metros, sendo coberta com ramos e deixada como morta. Só sobreviveu graças ao telemóvel.
O agressor foi Tomás Pardo, conhecido em Espanha como o violador de Martorell, que estava naquele 29 de outubro de 2016 a gozar de uma saída precária da prisão, concedida pelo governo catalão com a luz verde da justiça. Pardo estava a cumprir 20 anos de prisão por ataques semelhantes a outras duas mulheres em 2002.
Agora, segundo o jornal El Mundo, o Departamento de Justiça da Generalitat decidiu pagar uma indemnização de 500 mil euros à vítima pelas lesões sofridas. A mulher tinha apresentado queixa por considerar que houve negligência das autoridades ao deixar o violador sair em liberdade apesar do risco de reincidência e de as autoridades penais terem rejeitado em 13 ocasiões a saída precária.
O governo catalão, que finalmente autorizou a saída com o aval da Audiência de Barcelona, argumentou que ele tinha sido avaliado por especialistas de vários centros de detenção por onde tinha passado e que nada fazia pensar numa recaída, além de que não tinha havido problemas em saídas pontuais anteriores.
O violador de Martorell, que reconheceu a autoria deste novo crime, foi condenado a mais 70 anos de prisão por roubo com intimidação, detenção ilegal, agressão sexual e tentativa de assassinato. A mulher só sobreviveu porque, mesmo ferida, conseguiu enviar a localização do seu telemóvel e ser resgatada.
O advogado da vítima vê de forma positiva o desejo da Generalitat de resolver o caso rapidamente, mas ao jornal disse lamentar que não haja o reconhecimento de que houve negligência neste caso. Além disso, a decisão considera que a atuação do centro prisional foi correta, já que o violador tinha passado por vários programas para criminosos sexuais e não podia ter antecipado o risco.