Cassano. As polémicas do mulherengo louco e irreverente

O jogador que anunciou este sábado o final de carreira teve grandes pegas com vários treinadores e árbitros. Admitiu que dormiu com 600 ou 700 mulheres e chegou a dizer que esperava que não existissem gays na seleção italiana
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Antonio Cassano, 36 anos, anunciou este sábado o adeus ao futebol. A par de Mario Balotelli, o jogador nascido num bairro pobre de Bari foi um dos maiores bad boys do futebol mundial e esteve envolvido em várias polémicas ao longo da sua carreira. Recorde aqui alguns dos episódios mais rocambolescos do avançado que, entre outros, representou clubes como Roma, Real Madrid, AC Milan, Inter de Milão.

Na biografia que lançou em 2008, da autoria do jornalista e amigo Pierluigi Pardo, o jogador desvendou vários episódios da sua faceta de mulherengo. "Joguei grandes jogos após ter feito sexo, como no 4-0 da Roma sobre a Juventus. As relações aconteciam nas manhãs de domingo, com várias amigas que eu tinha naquela época [...] Tive entre 600 e 700 mulheres, um número digno do mundo das celebridades", contou.

A fase da sua vida em que esteve com mais mulheres, curiosamente, foi quando representou o Real Madrid, entre 2006 e 2008: "Em Madrid era tudo mais fácil, porque vivia em hotéis. Podia convidar mulheres a qualquer hora da noite. Era amigo de um empregado que me trazia sempre três ou quatro croissants depois de ter sexo. Sexo e comida, era a noite perfeita."

Foi no Real Madrid que ficou célebre a expressão cassanata, utilizada pelo treinador Fabio Capello para se referir às loucuras do avançado. O técnico italiano chegou um dia a dizer que a Itália tinha dois grandes talentos [Cassano e Balotelli], mas que eram os dois loucos.

Problemas com árbitros e treinadores

Mas as polémicas de Cassano não eram só fora do campo. Em Itália, os episódios com os árbitros foram muitos. Chegou a atirar uma camisola na direção de Nicola Pierlapoli (e ameaçou-o de pancada). E numa outra ocasião lançou uma provocação a um juiz sobre alegada infidelidade da sua mulher, simulando com as mãos um par de cornos. Os dois comportamentos custaram-lhe nove jogos de castigo.

Com os diversos treinadores que teve ao longo da carreira, os problemas também foram constantes. Aliás, na sua biografia, reconheceu que só não se pegou com um treinador: Eugenio Fascetti, o homem que o lançou no Bari. Na Roma, por exemplo, chegou a dizer que quem mandava era ele e não o técnico Luciano Spalletti. E no Real Madrid disse cobras e lagartos de Fabio Capello, desde chamar-lhe um "homem falso" a "monte de merda".

Em outubro de 2011, Cassano sofreu um AVC e foi operado ao coração. Chegou a ter a carreira em risco, mas recuperou rápido e passados cinco meses estava a jogar. Depois disso ainda jogou nos dois clubes de Milão, no Parma e na Sampdoria. O último clube, na época passada, foi o Hellas Verona, mas não realizou qualquer jogo.

Gays na seleção italiana

Cassano era também conhecido pelas conferências de imprensa pouco convencionais, onde fugia aos lugares comuns. Em 2012, em pleno Europeu, arranjou uma nova polémica, desta vez relacionada com o tema homossexualidade na seleção italiana.

Quando foi questionado sobre se existiam metrossexuais e homossexuais na seleção italiana, respondeu: "O que é um metrossexual? Sejam diretos. Se eles são 'frocio' (termo em italiano para se referir a gays), o problema é deles. Eu espero que não exista qualquer 'frocio' na seleção. Mas se eles são, é com eles. Não sei se existe alguém", atirou, virando-se depois para o tradutor presente na sala e pedindo-lhe para não traduzir as suas declarações para polaco - isto foi em vésperas de um jogo com a Polónia.

Em julho de 2017, e apenas há uma semana no Verona, chegou a marcar uma conferência de imprensa para anunciar oficialmente o final da carreira. Mas quando os jornalistas chegaram ao local, o avançado rebelde fez mais uma das suas e voltou atrás na palavra.

"Queria comunicar-vos a minha não decisão. Esta manhã foi muito difícil. Estava cansado, tive uma reunião com o diretor e disse-lhe que queria fazer uma pausa. Mas a minha escolha é continuar a jogar, tive um momento de fraqueza. Muitas vezes penso com o intestino, desta vez decidi com a cabeça", disse Cassano, que mais recentemente admitiu que nem sempre teve um comportamento correto pelos clubes por onde passou, atribuindo muito da sua personalidade ao facto de ter nascido num bairro muito pobre e de ter sido abandonado pelo pai ainda em bebé.

Apesar de todos estes problemas, para a história ficam 39 jogos e 10 golos pela seleção italiana (jogou os Europeus de 2004, 2008 e 2012 e o Mundial de 2014), e dois títulos de campeão, em 2006/07 ao serviço do Real Madrid, e em 2010/11 pelo AC Milan.

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