Caso PT: Sócrates no Youtube "em legítima defesa"

O ex-primeiro ministro gravou vídeos para apresentar a sua versão em relação à Portugal Telecom (atual Altice) e contestar o "embuste" do Ministério Público
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José Sócrates começa por dizer que decidiu gravar os vídeos em "legítima defesa" contra "o "último embuste que o Ministério Público (MP) pretendeu criar a propósito" da relação do seu governo com a Portugal Telecom (PT). O ex-governante, indicado pelos crimes de fraude fiscal qualificada, corrupção e branqueamento de capitais, salienta que "é completamente falsa" a ideia, sugerida pelo MP, de que o executivo que liderou teve uma "atuação desonesta de favorecimento dos acionistas da PT".

Recorde-se que dois antigos administradores da PT, Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, também foram constituídos arguidos no âmbito da designada "operação Marquês". De acordo com informações que têm sido noticiadas, o MP acredita que estes antigos altos responsáveis subornaram Sócrates.

O ex-chefe de governo avança com "factos, documentos e números" para contrariar a versão do MP. Com alguns quadros gráficos em fundo, começa assim: "no início do meu governo (2004) a quota de mercado da PT no serviço de televisão era de 80%. Em 2011, no final do governo essa taxa baixou para 35%. O mesmo aconteceu no telefone fixo. Quando o meu governo tomou posse, a quota de mercado da PT era de 94%, em 2011 baixou para 53%. Finalmente na internet. Em 2004 a PT tinha 82% do mercado, em 2011 apenas 49%. Estes números são públicos e oficiais. Em seis anos e em consequência de uma política de promoção da concorrência, fundamental para o êxito do plano tecnológico, o monopólio da PT nos serviços de telecomunicações acabou".

Falando pausadamente, tendo como pano de fundo uma estante de livros, pergunta como podem acusar um governo de estar ao serviço da PT se foi esse governo que acabou com um monopólio de anos.

[youtube:gDLONLqH1sI]

O vídeo, com 11:52 minutos, inclui ainda a sua contestação, também com factos e números concretos, em relação à OPA da SONAE sobre a PT, em relação à qual José Sócrates tem sido acusado de ter agido para a derrotar e favorecer alguns acionistas. Na sua opinião tem sido das "mentiras mais repetidas pelo MP, pelos jornais afetos e pelas inacreditáveis intrigas agora recuperadas pela SONAE". Sócrates diz ser mesmo "confrangedor" que a SONAE venha ter agora esta posição quando o presidente Paulo Azevedo lhe pediu na altura para que a CGD votasse a favor da SONAE, o que lhe foi negado, provando a neutralidade do governo no processo. Mostra a imagem do então secretário de Estado com orientações ao representante do Estado para que o voto no processo fosse a "abstenção".

O voto da CGD é também visada, desmentido que tivesse dado instruções para que votasse contra a Sonae. Alega que nenhum dos nove membros que faziam parte da administração confirmam que não receberam nenhuma instrução do governo. Por outro lado, recorda que mesmo que a votação da CGD tivesse sido a favor da OPA, esta mesmo assim teria sido chumbada, uma vez que a votação contra "foi muito expressiva".

"Nenhuma justiça se pode alcançar com base na falsificação histórica", conclui.

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