Morais Sarmento era para ser ouvido no dia 24 de maio neste julgamento, mas não compareceu para testemunhar com a justificação de que era advogado num outro processo que o impedia de estar presente, esclarecimento que foi aceite pelo colectivo de juízes..O antigo ministro, cujas funções também passavam por fazer a ligação entre os dois partidos do governo a que pertencia na altura (PSD e CDS), está no rol das testemunhas do Ministério Público e da defesa de alguns arguidos..Morais Sarmento foi ministro de Estado e da Presidência - no governo liderado por Pedro Santana Lopes - na altura em que alegadamente ocorreram os factos em julgamento no processo Portucale, relacionado com um despacho assinado por Luís Nobre Guedes (ex-ministro do Ambiente), Carlos Costa Neves (ex-ministro da Agricultura) e Telmo Correia (ex-ministro do Turismo) poucos dias antes das eleições legislativas de 2005. .Esse despacho permitiu alegadamente à Portucale, empresa do Grupo Espírito Santo (GES), abater sobreiros (espécie protegida em Portugal) na Herdade da Vargem Fresca, em Benavente, com vista à construção de um empreendimento turístico. .Além do tráfico de influências no caso Portucale, o despacho de pronúncia do tribunal refere mais dois alegados casos de influência política: a alteração do Plano Director Municipal de Gaia e a aprovação de um empreendimento na Quinta do Montado, propriedade de um fundo de investimento imobiliário gerido pela ESAF - Espírito Santo Fundos de Investimento Imobiliário. .No caso de Gaia, o despacho indica que a questão foi discutida entre o arguido Abel Pinheiro e Miguel Relvas, enquanto destacados elementos do CDS-PP e do PSD, e ainda o dirigente socialista Jorge Coelho. .Além de Abel Pinheiro, na altura ligado ao CDS-PP e acusado de tráfico de influências e falsificação de documentos, são ainda arguidos Carlos Calvário, José Manuel de Sousa e Luís Horta e Costa (ligados ao GES), António de Sousa Macedo (ex-director-geral das Florestas), Manuel Rebelo (ex-membro da Direcção-Geral das Florestas), António Ferreira Gonçalves (ex-chefe do Núcleo Florestal do Ribatejo), Eunice Tinta, João Carvalho, Teresa Godinho e José António Valadas, estes quatro últimos funcionários do CDS-PP.