Caso Jacob Blake. Negro baleado pela polícia está paralisado da cintura para baixo
Em declarações ao jornal Chicago Sun-Times, citadas pelas agências internacionais, o pai de Jacob Blake afirmou que foi informado de que o seu filho foi baleado oito vezes.
O progenitor de Jacob Blake, que se encontra hospitalizado, afirmou que o filho tem "oito buracos" no corpo e que está paralisado da cintura para baixo, acrescentando que neste momento os médicos não sabem se a paralisia será permanente.
O pai, que também se chama Jacob Blake e que viajou desde Charlotte, no estado da Carolina do Norte, até Kenosha para acompanhar o seu filho, precisou que foi informado sobre o incidente no domingo à noite e que, alguns minutos depois, viu o vídeo que circulava nas redes sociais e que foi divulgado pelos media norte-americanos.
Um vídeo captado por um telemóvel mostra um homem afro-americano, acompanhado de dois agentes policiais brancos com armas em punho, enquanto contorna um veículo todo-o-terreno.
O homem é encaminhado para o interior do veículo e, assim que abre a porta e tenta instalar-se no lugar do condutor, um polícia puxa-lhe a camisa e dispara vários tiros nas costas.
[atenção: vídeo contém imagens gráficas que podem chocar]
O advogado de direitos civis Ben Crump afirmou, na segunda-feira, que os três filhos de Jacob Blake estavam no interior do veículo quando a polícia disparou, indicando ainda que a vítima estava a tentar apaziguar uma discussão entre duas mulheres.
Ben Crump é o advogado que representa a família de George Floyd, um afro-americano que morreu asfixiado pelo joelho de um polícia branco em maio passado, na cidade norte-americana de Minneapolis.
O caso de George Floyd desencadeou e continua a desencadear manifestações antirracismo e contra a violência policial nos Estados Unidos.
Após o incidente envolvendo Jacob Blake, os protestos também chegaram às ruas de Kenosha.
No dia 24 de agosto, pela segunda noite consecutiva, centenas de manifestantes desafiaram o recolher obrigatório, entretanto decretado pelas autoridades locais, e vieram protestar para as ruas daquela cidade.
Durante os protestos, a polícia recorreu a gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes, que exigiam justiça racial.
Os manifestantes atiraram garrafas e dispararam engenhos pirotécnicos contra os operacionais das forças de segurança que estavam a proteger as instalações do tribunal local.
Na segunda-feira, o Departamento de Justiça do estado do Wisconsin anunciou a abertura de um inquérito criminal sobre este caso, informando ainda que os polícias envolvidos no incidente tinham sido colocados "em licença administrativa".
Entretanto, astros da NBA como LeBron James e Donovan Mitchell juntaram a sua voz aos protestos por mais este caso a envolver agressão policial a negros nos EUA e clamaram por justiça.
"E perguntam porque dizemos o que dizemos sobre a polícia!", twitou LeBron James, numa publicação em que compartilha o vídeo do ataque a Blake. "Alguém, por favor, me diga o que diabo é isto?! Exatamente outro homem negro sendo um alvo [...] Sinto tanta pena por ele, pela sua família e pela nossa gente! Queremos JUSTIÇA!", clamou o astro do Los Angeles Lakers.
"Vão à m... as partidas e os playoffs! Isso é doentio e um problema real. Pedimos justiça!", exigiu no Twitter Donovan Mitchell, do Utah Jazz. "É uma loucura e não tenho palavras. É por isso que não nos sentimos seguros", criticou o jogador.
Os jogadores da NBA, concentrados desde julho na Disney World, em Orlando, para concluírem a temporada, mantêm o protesto pela igualdade racial com vários gestos e mensagens nos equipamentos.