Casal teve filha que não era sua devido a erro na clínica de fertilização

Daphn e Alexander Cardinale processaram clínica e laboratório da Califórnia, por terem trocado esperma para fertilização <em>in vitro</em>. Teste de ADN confirmou o erro e o casal já recuperou o filho, mas as marcas ficaram: "O horror desta situação não pode ser subestimado."
Publicado a
Atualizado a

Um casal da Califórnia, nos Estados Unidos, processou uma clínica e um laboratório de fertilização por ter gerado uma criança de outra família depois de ter sido trocado o esperma antes do procedimento a que recorreram no verão de 2018.

Daphn e Alexander Cardinale, que tinham recorrido à fertilização in vitro devido à dificuldade em terem filhos, acabaram por achar estranho o facto de a recém-nascida não ter qualquer parecença com eles - "tinha a pele muito mais escura" do que eles -, pelo que resolveram fazer um teste de ADN, quase dois meses depois do parto, que confirmou as suspeitas: aquela não era a sua filha.

YouTubeyoutubeeliSWoUEW98

Em conferência de imprensa, o casal anunciou ter colocado um processo ao Centro de Saúde Reprodutiva da Califórnia (CCRH) e ao laboratório de embriologia In VitroTech Labs pelo erro.

Este caso iniciou-se no verão de 2018 quando Daphn e Alexander procurou ajuda no CCRH. Tudo corria normalmente até ao dia do parto quando viram a cor da pele da criança. "Foi tão chocante que o Alexander deu vários passos atrás assim que a viu", relatou Daphn.

Assim que os Cardinale descobriram que aquela não era a sua filha, depois de conhecidos os resultados do teste de ADN, comunicaram à clínica que iniciou deu os passos necessários para descobrir a outra família vítima da troca. Assim que foi descoberto o erro, os casais chegaram a um acordo para iniciar o processo legal de troca das crianças, que acabou por ser concretizado em janeiro de 2020.

"Em vez de amamentar o meu próprio filho, amamentei e criei um vínculo com uma criança que mais tarde fui forçada a dar. O horror desta situação não pode ser subestimado", revelou Daphna Cardinale, garantindo que tanto ela como o marido precisaram de receber tratamento psicológico devido a sintomas de ansiedade, depressão e stresse pós-traumático.

"A angústia e a confusão causadas na minha família não podem ser subestimadas", acrescentou Daphna, deixando uma certeza: "As nossas memórias do parto ficarão para sempre contaminadas pela realidade doentia de que nossa filha biológica foi dada a outra pessoa, e pelo facto de o bebé pelo qual lutei para trazer a este mundo não era meu. Foi me roubada a possibilidade de dar à luz a minha própria filha."

Refira-se ainda que o outro casal, vítima da troca, também está a processar judicialmente o laboratório e a clínica, embora tenha decidido permanecer no anonimato.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt