Reagindo em declarações à Lusa ao anúncio da realização de um congresso extraordinário do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) em setembro, Manuel Fernandes, vice-presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), apontou que era expectativa daquela coligação que "João Lourenço fosse apenas o presidente de todos angolanos".."Ou seja, se ao longo de mais de 40 anos tivemos um modelo em que o presidente do partido é o mesmo Presidente da República, cujas consequências levaram o país para um caos total, era nosso entendimento de que poderia haver um equilíbrio", sublinhou.."De facto é uma mudança na continuidade e não é positivo, porquanto regista-se aqui a continuação do modelo anterior e o nosso entendimento não é positivo para democracia", disse o vice-presidente da coligação, a segunda maior força da oposição angolana..Acrescentou que o Presidente da República deveria "ser apenas a figura representativa de todos angolanos" e "um outro ator pudesse dirigir os destinos do MPLA". .Numa nota enviada hoje à Lusa, o bureau político do partido que lidera Angola desde 1975 informou hoje ter aprovado a proposta de resolução e o cronograma de preparação e realização do 6.º Congresso Extraordinário do partido, a ter lugar na primeira quinzena de setembro próximo "e, consequentemente, aprovou a candidatura do camarada João Lourenço, atual vice-presidente, ao cargo de presidente do MPLA"..Porém, Manuel Fernandes apela ao futuro presidente do MPLA para "aproveitar esta oportunidade para cumprir todo o programa que remeteu aos angolanos nas eleições, que é o combate efetivo à corrupção e impunidade".."Como Presidente da República é o titular do poder executivo e como presidente do MPLA terá o controlo do grupo parlamentar, portanto terá toda a possibilidade de orientar o grupo parlamentar para aprovar as leis que vierem do executivo", apontou..A 16 de março último, no discurso de abertura da 5.ª sessão ordinária do Comité Central do MPLA, realizado em Luanda, José Eduardo dos Santos, de 75 anos, propôs a realização de um congresso extraordinário para dezembro deste ano ou abril de 2019..Durante a intervenção, José Eduardo dos Santos, que foi chefe de Estado em Angola durante 38 anos e não concorreu às eleições gerais de agosto passado, recordou que se comprometeu a envolver-se pessoalmente no grupo de trabalho que ao longo de 2018 vai "preparar a estratégia" do MPLA para as primeiras eleições autárquicas em Angola..Nos últimos tempos têm crescido os comentários na sociedade angolana sobre a existência de uma suposta bicefalia entre o chefe de Estado angolano e vice-presidente do MPLA, João Lourenço, e o líder do partido, José Eduardo dos Santos, em que se incluem críticas internas sobre a situação..José Eduardo dos Santos, líder do MPLA desde 1979, anunciou em 2016 que este ano deveria deixar a vida política ativa.