Colecção de cartazes antigos é preciosidade a nível internacional .Estávamos nos primórdios do cinema. Os filmes eram mudos e o tempo de duração da película sabia-se pela quantidade de metros anunciada nos enormes cartazes. Alguns destes "anúncios publicitários" circulavam por Lisboa em carroças, ou decoravam a frontaria dos cinemas de então. No interior, as sessões não eram pacíficas nem votadas ao silêncio. Além do pianista, que tocava a música de fundo, a plateia manifestava-se sobre o enredo: gritava, insultava....Dezenas destes cartazes, que contam a história dos primeiros filmes estrangeiros exibidos em Portugal (entre 1904 e 1915), podem ser vistos na exposição Cinema em Cartaz que é amanhã inaugurada, pelas 19.30, na Cordoaria Nacional e se mantém até 24 de Junho, podendo ser visitada entre as 10.00 e as 19.00 de terça a sexta e aos sábados e domingos, das 14.00 às 19.00, com entrada gratuita. .A colecção possui autênticas relíquias, que ficaram guardadas durante décadas e hoje têm, segundo avaliações internacionais, um valor inestimável. "Temos exemplares da grande distribuidora Léon Gaumont que desconheciam no seu próprio museu", revela, ao DN, a comissária científica da exposição, Adelaide Ginga. A casa Gaumont e a do irmão Charles Pathé, no fim do século XIX, que ainda existem, foram as primeiras empresas criadoras, produtoras, realizadoras e distribuidoras dos filmes de então.."Estes affiches têm um duplo valor. Foram não só os percursores da forma de comunicar para o grande público mas, também, contemporâneos do aparecimento do cinema e da sua difusão como indústria", diz Marta Mestre, comissária adjunta..Os cinéfilos vão deliciar-se com o cartaz mais antigo da exposição (1904) que apresenta A Greve, realizado por Ferdinand Zecca. Ou apreciar a segunda versão, em 1911, de um cartaz de 1902 (o primeiro em todo o mundo) que anuncia o filme As vítimas do Álcool..O cartaz que divulga o primeiro vilão da história do cinema, Fantômas, mostrar a imagem que serviu para o folhetim popular que correu por todo o mundo..Ao abranger 11 anos de filmes passados no País, os cartazes demonstram que os portugueses acompanharam o nascimento da 7ª arte..Um importante papel coube ao ilustrador brasileiro Cândido de Faria, autor da maioria dos cartazes, que conseguiu um lugar cimeiro na indústria, através do seu atelier parisiense, onde recebia encomendas do mundo inteiro. "Ele foi o mentor do modelo pictórico que acabou por inspirar muitos outros ilustradores", observa Adelaide Ginga..Seis núcleos temáticos compõem a exposição, mostrando a evolução dos vários tipos de cartazes.