No início de mais um ano letivo, e depois de uma carta aberta aos pais, dirigimo-nos agora aos professores, que desempenham um papel central na promoção da saúde psicológica das crianças e jovens..Todos nós guardamos na memória um professor que, em algum momento da nossa vida, se cruzou connosco e nos marcou de uma forma positiva. Pelo modo como nos acompanhou, pelas escolhas que nos ajudou a fazer ou pela inspiração que nos transmitiu. É este o superpoder dos professores, que ficam dentro de nós uma vida inteira..Neste ano letivo, pedimos aos professores que aproveitem este poder especial e saibam fazer a diferença na vida das crianças e dos jovens. Estejam atentos a eventuais sinais de alerta, mesmo aos mais subtis, e que podem indicar a existência de algum tipo de dificuldade. Sabemos que muitos dos nossos alunos experienciam quadros ansiosos e depressivos e que precisam de ser vistos, escutados e sentidos..Pedimos ainda o respeito pelo ritmo de cada aluno e a total aceitação das suas idiossincrasias, reconhecendo e valorizando a sua individualidade. E, nas mais pequenas coisas do dia a dia, transmitam uma cultura de aceitação da diferença e de inclusão, prevenindo situações de rejeição e estigmatização..Sabemos também que a violência na idade escolar vai muito para além da violência física e que, na maior parte das vezes, envolve comportamentos de agressão verbal, como chamar nomes, provocar, colocar alcunhas, gozar, humilhar ou desprezar. Comportamentos estes que têm vindo a migrar para as novas tecnologias - o tão falado ciberbullying. Os professores devem estar atentos às relações que se estabelecem entre os alunos e agir de imediato perante uma potencial situação de violência, desenvolvendo estratégias positivas e de prevenção que envolvam toda a comunidade escolar. Queremos uma cultura de tolerância zero face à violência, para que possamos todos dizer bem alto, "na nossa escola, o bullying não entra!".Existem programas curriculares e prazos que têm de ser cumpridos, é certo. O que não é incompatível com um processo de aprendizagem descontraído e temperado com humor positivo e otimismo. Dos chamados TPC queremos apenas uma pitada q.b., para que sobre tempo realmente livre. Abaixo as agendas sobrecarregadas de aulas, atividades extracurriculares e tarefas para fazer em casa, roubando tempo ao sono, ao descanso e à brincadeira..Por fim, pedimos aos professores que elogiem e encorajem sempre, contrariando expectativas negativas e eventuais estereótipos ou preconceitos. Chamem os pais à escola, não apenas para partilhar preocupações, mas também para expressar alegrias e orgulhos, envolvendo-os ativamente (e aos restantes membros da comunidade) numa lógica de proximidade e trabalho em equipa..Assim, neste novo ano letivo, pedimos aos professores paciência, aceitação, encorajamento, motivação e proximidade. E, muito especialmente, que usem os seus superpoderes!.Psicóloga clínica e forense, terapeuta familiar e de casal