Carros elétricos estão nas mãos de homens do Norte e Centro, das classes A e B

Estudo do ACP revela que utilizadores de veículos elétricos são 2,2%, carregam maioritariamente o carro na moradia e gastam cerca de 50 euros por mês percorrendo, no limite, mil quilómetros por mês.
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Ainda são uma minoria de 2,2 por cento os portugueses que possuem um carro elétrico, são maioritariamente homens até aos 44 anos, das classes A e B e moradores no Grande Porto e na região Centro. É este o perfil-tipo do utilizador de veículos elétricos em Portugal, traçado num estudo encomendado pelo Automóvel Club de Portugal (ACP) baseado em 1550 entrevistas e apresentado na sua sede, em Lisboa.

Estes dados sobre a mobilidade elétrica em Portugal surgem no mesmo mês em que se soube que vai ser adiada a votação final no Conselho Europeu sobre o fim das vendas de novos carros a combustão a partir de 2035, porque tanto a Itália como a Alemanha estão a colocar entraves, preferindo antes a exploração dos biocombustíveis e do hidrogénio e a sua coexistência por mais tempo com veículos a combustão, como assinalou, de resto, o presidente do ACP, Carlos Barbosa.

A elevada concentração de veículos elétricos a norte e a centro pode explicar-se pelo maior número de moradias nessas regiões, face à área metropolitana de Lisboa. Não por acaso, a moradia é justamente o principal local de carregamento para os inquiridos. Uma situação que está relacionada com a dificuldade sentida pelos utilizadores para encontrarem um posto de carregamento livre e a funcionar. Esta queixa é apontada por 41%.

Ainda no capítulo das queixas e dificuldades, a falta de informação sobre os preços de carregamento é apontada por quase 24%, tal como a dificuldade de controlar o valor das despesas e consumos na sequência dos carregamentos em pontos na via pública.

Ainda assim, e tendo em conta a alta de preços nos combustíveis que enfrentam os veículos a combustão, a opção pela mobilidade elétrica parece estar a compensar. Segundo o estudo do ACP, a maior fatia dos inquiridos gasta até 7 euros por cada carregamento e tem um padrão de consumo da ordem dos 50 euros mensais. O grosso destes condutores realiza em média mais de 400 km e um maximo de mil quilómetros por mês, o que significa uma poupança significativa na comparação com os combustíveis fósseis.

Apesar de Portugal ocupar o 9º lugar entre os países da UE com mais novas vendas de carros elétricos, a experiência da mobilidade elétrica é completamente desconhecida para mais de metade dos inquiridos. 52% dizem não ter tido qualquer contacto, nem pessoalmente, nem através de amigos ou familiares. Mas quando questionados sobre qual o modo de mobilidade a privilegiar quando voltarem a comprar carro, a elétrica surge no topo da tabela, seguida pelo carro a gasóleo.

Apesar de ser a grande tendência apontada quer pela Comissão Europeia quer pelas construtoras automóveis - que já fixaram metas próximas para a paragem de construção de veículos a combustão - 42% dos portugueses ainda revelam não terem intenção de aderir à mobilidade elétrica. Portugal continua com um parque automóvel envelhecido, com mais de metade dos carros a terem mais de 12 anos de idade. Ainda assim, um em cada três não prevê comprar carro novo nos próximos cinco anos.

A perceção dos portugueses sobre os carros elétricos é positiva: acreditam que têm menores custos de manutenção e são mais económicos no consumo. Mas consideram que os preços rondam os 40 mil euros e apresentam como seu teto máximo para compra um valor de 30 mil euros.
Para melhorar a informação sobre este universo, o ACP lançou ontem a app "acpelectric", com direito a um desconto de 15% nas tarifas de carregamento. Lançou igualmente o concurso "Elétrico do Ano", em que os participantes poderão votar e habilitar-se a prémios.

dnot@dn.pt

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