Carreiras prepara renúncia ao cargo de presidente da Câmara de Cascais
Presidente da Câmara de Cascais desde fevereiro de 2011 - herdou-a de António Capucho, de quem era vice-presidente -, Carlos Carreiras sugeriu esta semana aos militantes do PSD do concelho, num plenário partidário, que começassem a pensar na sua sucessão.
Sendo certo que nas autárquicas de 2025 já não se poderia recandidatar - devido à lei da limitação dos mandatos - a verdade, também, é que Carlos Carreiras se está a preparar para renunciar ao mandato antes deste terminar. Confirmou-o ontem ao DN, depois de uma notícia avançada num site de Cascais. Só não sabe ainda quando consumará a renúncia - poderá até ainda ter de passar um ano.
Carlos Carreiras, atualmente com 60 anos, antigo gestor no setor do turismo e hotelaria, esclarece que a decisão não se prende com razões de saúde (há alguns anos sofreu problemas cardíacos graves).
O principal fator será mesmo uma vontade de regressar à atividade privada para poder ter, na fase final da vida profissional ativa, rendimentos que lhe permitam uma aposentação mais confortável. "A política é uma via para o empobrecimento. Tenho de pensar nessas coisas", assume, em declarações ao DN.
Para já, assim que a renúncia se efetivar, o senhor que se segue será o atual vice-presidente da autarquia, Miguel Pinto Luz. Contudo, isso não implica que, nas autárquicas de 2025, Pinto Luz seja o candidato - e, de resto, nem se sabe se quererá ser. O atual presidente sugeriu ao PSD de Cascais que comece a pensar nesse assunto, nomeadamente na questão da política de alianças. Tento sempre vencido as eleições locais em coligação com os centristas, a verdade é que agora o partido assumiu uma nova condição de irrelevância, ao não conseguir, nas últimas eleições legislativas, obter representação na Assembleia da República. E isto é um fator que merece ponderação.
Carlos Carreiras - que venceu em Cascais em 2013, 2017 e 2021, sempre com maioria absoluta - não quer no entanto deixar a presidência da autarquia sem antes deixar a sua marca nalgumas "obras estruturantes" que ainda estão para ser lançadas.
Exemplo: esta semana, a câmara aprovou o lançamento do concurso para construção da nova escola secundária de Cascais. Sabendo que a obra dificilmente estará concluída neste mandato, Carlos Carreiras gostaria, pelo menos, de fazer o lançamento da primeira pedra da construção como presidente da Câmara Municipal. "A atual Escola Secundária de Cascais está provisória há 50 anos e nunca teve nenhuma intervenção de fundo. Portanto, tem-se vindo a deteriorar e está em condições muito periclitantes. Ou seja, há muito tempo que era preciso uma nova escola construída", disse à Lusa.
As autárquicas de 2025 irão representar um grande momento de renovação dos presidentes de câmara. Para muitos - seis em cada dez - este é o último mandato possível. Carlos Carreiras seria um deles, não fosse a intenção de, antes de o mandato terminar, sair pelo seu próprio pé. Encontram-se nessa posição autarcas como Basílio Horta (PS, Sintra) ou Rui Moreira (independente, Porto).
Sabendo que os presidentes recandidatos tendem a ser reeleitos, o PSD conta com esta circunstância para, eventualmente, voltar a ser a maior força autárquica. O PS tem atualmente 148 presidentes de câmara e o PSD 114 - num total de 308 municípios.