Carniceiro da Bósnia condenado em definitivo a prisão perpétua
O coletivo de juízes do tribunal de recurso negou o recurso de Ratko Mladic, com a opinião divergente em vários acusações por parte da juíza-presidente, Prisca Nyambe (Zâmbia), o que significa que o 'carniceiro da Bósnia' irá permanecer na prisão até ao fim da vida. Mladic, de 78 anos, ouviu o veredicto de pé, de olhos para o chão.
Para os juízes Elizabeth Ibanda-Nahamya (Uganda), Seymour Panton (Jamaica), Mustapha El-Baaj (Marrocos) e Aminatta N'Gum (Zimbabué) Mladic não tinha apresentado provas que invalidassem as condenações anteriores. Também o recurso apresentado pelo procurador foi recusado, numa sessão marcada pelo atraso devido a problemas técnicos.
Conhecido como o 'carniceiro da Bósnia', Ratko Mladic foi condenado a prisão perpétua em primeira instância, em 2017, pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) para a ex-Jugoslávia. Foi considerado culpado de genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade pelo seu papel na guerra da Bósnia (1992 - 1995). Foram cerca de cem mil mortos e 2,2 milhões de deslocados que resultaram deste conflito.
Mladic foi condenado pelo seu papel no cerco de Sarajevo e no massacre de Srebrenica em 1995, o pior em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial. Mais de 8000 homens e rapazes muçulmanos foram mortos pelas forças sérvias da Bósnia. Tanto a defesa como a acusação apelaram da sentença.
No julgamento, o TPI condenou em 2017 o comandante do Estado Maior do exército da República Sérvia da Bósnia por genocídio, crimes contra a humanidade, e violações das leis ou práticas de guerra. Foi absolvido de outra acusação de genocídio noutros municípios, o que constituiu a base do recurso apresentado pelo procurador.
Por outro lado, a defesa de Mladic pediu o afastamento de três juízes do tribunal de recurso, por "parcialidade real ou aparente", o que foi concedido.
Ratko Mladic é um dos principais líderes julgados pela justiça internacional por crimes cometidos durante as guerras na ex-Jugoslávia, além do ex-líder político dos sérvios-bósnios Radovan Karadzic e do ex-presidente jugoslavo Slobodan Milosevic, falecido na sua cela em Haia vítima de um ataque cardíaco, em 2006, antes da conclusão do julgamento. Condenado a 40 anos de prisão em primeira instância por genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade, Karadzic foi condenado a prisão perpétua em recurso, em 2019.
Mladic também foi condenado em primeira instância a prisão perpétua, pelo seu papel no massacre de Srebrenica. Os seus advogados alegam que tem problemas de saúde e de memória.