Carne vermelha faz mal à saúde? Investigadores respondem com sistema de pontos

Novo estudo mede impactos do consumo de carnes vermelhas na saúde numa escala de zero a cinco pontos.
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O Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME) dos Estados Unidos, conhecido mundialmente pelos seus estudos sobre saúde humana, propôs-se a pesquisar estudos publicados em 180 áreas tendo em conta o consumo de carnes vermelhas. O resultado, divulgado esta segunda-feira, mostra uma grande disparidade nos resultados.

Para fornecer ao público uma ideia simples e direta dos estudos que analisam a relação entre um produto e o seu risco à saúde humana, o grupo de investigadores propôs um sistema de pontuação de zero a cinco.

Para os investigadores foi surpreendente descobrir a escassa relação entre alguns hábitos alimentares e os malefícios à saúde, confessou um dos autores do estudo, Christopher Murray, que dirige o IHME.

Por exemplo, a ligação entre tabagismo e cancro do pulmão recebe uma classificação de cinco pontos, o que significa uma ligação totalmente comprovável e um perigo evidente.

Por outro lado, a relação entre comer carne bovina e risco de ataque cardíaco recebe apenas um ponto, pois "não há evidências de que tal associação exista", explicou o estudo.

Quanto à ligação entre carne vermelha e o cancro do cólon, cancro da mama ou diabetes, esses dados recebem uma classificação de duas estrelas.

"Fiquei muito surpreendido com a fraqueza de muitos dos resultados que ligam dietas a riscos" de saúde, explicou.

Para investigar a relação entre uma dieta rica em vegetais e saúde, os investigadores compararam 50 estudos baseados em questionários de 4,6 milhões de participantes em 34 países.

Se o número de vegetais consumidos por dia aumentar de zero para quatro, isso representa uma redução de 23% no risco de acidente vascular cerebral isquémico.

Já a relação entre comer vegetais e diabetes (categoria 2) recebeu apenas um ponto.

Alguns cientistas, como Kevin McConway, da Open University do Reino Unido, alertam, no entanto, que tais classificações de pontuação "correm o risco de ser muito vastas".

Outro especialista, Duane Mellor, da Universidade Aston do Reino Unido, acredita que os resultados do estudo "não são inesperados" porque os problemas de saúde são causados por produtos de carne altamente processados, como salsichas, em vez de carne crua.

O IHME tenciona manter seu ranking atualizado com estudos posteriores e em breve publicará outros rankings relacionando a saúde a fatores como ingestão de álcool ou poluição do ar.

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