Gravações. Navio 'Gil Eannes', ancorado em Viana do Castelo, serviu de palco para algumas cenas de época em 'Vitória', a nova novela da SIC, que estreará até ao fim do ano. Helena Ramos, cara da RTP, e o intérprete Carlos Mendes estiveram no local, pois representam um casal de retornados de Angola.Cenas de época serão utilizadas em 'flashbacks' .Ainda bem viva na história portuguesa recente, a expressão "retornados", alusiva ao regresso dos portugueses aquando da descolonização de África, surge pela primeira vez retratada em telenovela, Vitória, a estrear ainda este ano pela SIC. Helena Ramos, cara da RTP, é uma das actrizes.."É a minha segunda novela. A oportunidade surgiu sem estar à espera, ligaram-me, e eu não tive dúvidas em dizer que sim", explicou a apresentadora, uma das figuras da RTP Memória que, juntamente, com o cantor Carlos Mendes, assume na novela o papel de casal de retornados de Angola que aguarda o regresso da filha. "A chegada dos retornados, pessoalmente, também me diz muito. O meu tio foi um desses e acabou por casar em Portugal com a companheira que trouxe na altura, já com uma filha. Foi aí que conheci a minha tia Vanda", recordou Helena Ramos. .Vitória é o nome provisório da produção, e o cais de Viana do Castelo serviu ontem de palco à rodagem de alguns dos episódios mais dramáticos da chegada dos "retornados" portugueses, numa novela que, não sendo histórica mas passada na actualidade, vai apresentar, em flashback, um dos aspectos mais sensíveis da sociedade lusa. "Passa-se na actualidade, mas tem muitas idas a um passado importante da nossa história, ou seja, a transição dos anos 70, nomeadamente um tema que nunca foi abordado em telenovela, o regresso dos retornados", explicou ao DN José Martins, da direcção de actores, também personagem habitual nas telenovelas da TVI. .Para já, ficam em segredo os pormenores da teia desta nova produção, sabendo-se apenas que gira em torno da disputa entre Vera (Joana Seixas) e Rodrigo (Diogo Morgado) pelo filho João (Afonso Lopes), desestabilizada pelas interferências de Eduardo (Virgílio Teixeira). Pelo meio surge o passado dos protagonistas, com especial incidência no regresso dos portugueses de Angola, o que transformou a doca de Viana e o emblemático navio-hospital Gil Eannes num palco da reconstituição da época. Por entre malas de cartão, trajes e penteados de outros tempos. "Em ficção, nunca foi tratado de uma forma tão profunda como esta. Foi uma crise que Portugal conseguiu ultrapassar, contrariamente a outros países", acrescentou José Martins. .Depois de servir de cenário ao filme Assalto ao Santa Maria, o antigo navio da frota bacalhoeira - agora ancorado em Viana do Castelo depois de resgatado da destruição numa sucata -, voltou às "lides" cinematográficas. "Este navio era o cenário natural", explica a produção da novela, a cargo SP Televisão. Sendo um dos últimos navios existentes que participaram no regresso dos portugueses das colónias de África e representativo da frota naval portuguesa do século XX, os espaços exteriores foram utilizados para recriar o retorno dos portugueses. "Estou a representar a idade que o meu pai tinha em 1975 e sinto-me bem neste papel, que apesar de tudo é reduzido. Mas eu gosto muito de representar", explicou Carlos Mendes, que também participa em Vitória, ainda que apenas nos momentos de flashback. "Gostava muito de continuar esta participação, mas sei que vai ser difícil", disse.