JOÃO LOPES (Classificação 1/5).Uma sátira sobre o salazarismo.Revisitar as memórias do Estado Novo em registo satírico? Por que não? O problema não é esse e não adianta penalizar Capitão Falcão por aquilo que não tem para dar: uma perspectiva histórica (seja ela qual for) que tente olhar para a ditadura salazarista como algo mais do que um buraco negro sem gente viva lá dentro. Infelizmente, o projeto esgota-se na criação de uma personagem - um "super-herói" ao serviço de Salazar - que tem a espessura e a duração de um clip do YouTube. É pena, quanto mais não seja porque se sente que estamos perante uma produção executada com know how técnico e também porque não deixa de ser penoso ver atores com o talento de Gonçalo Waddington a tentarem sustentar um universo à deriva. Reabre-se, assim, a reflexão sobre as diferenças entre inventar "bonecos" mais ou menos caricaturais e construir uma narrativa cinematográfica..INÊS LOURENÇO (Classificação 3/5).Um super-herói apegado aos costumes.Com estreia adiada o mais possível, a fim de alinhar com o 25 de abril, e filme de abertura da 12ª edição do IndieLisboa, Capitão Falcão é um projeto invulgar no panorama cinematográfico português. Uma comédia que revisita os tempos do salazarismo através da mais excêntrica sátira, compondo, a partir desse contexto histórico, um super-herói bem lusitano: apreciador da ordem, dos bons costumes, de bacalhau, e avesso aos comunistas. Por isso, combatê-los é a incumbência maior de Falcão, acolitado pelo Puto Perdiz, na defesa de Salazar. Produzido numa conceção muito gráfica, que se conjuga com toda a panóplia de símbolos e lugares comuns da época, o filme de João Leitão promove, com inteligência, a desconstrução da figura do herói através da empatia cómica. E Gonçalo Waddington está aqui para dar cartas, de mascarilha..[youtube:3RNIIDHADfo].Ficha de Filme.Realizador: João Leitão.Com: Gonçalo Waddington, David Chan Cordeiro.Ano: 2015