Caparica Surf Fest abre a época oficial de festivais de 2017

Trevo, Frankie Chavez, Diogo Piçarra, Tara Perdida, Ferro Gaita ou April Ivy. Diversidade é o lema destes dias de surf e concertos. A festa começa no dia 6
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"Eu, na realidade, vou sentir-me em casa, porque vivo na Costa", afirma Gonçalo Bilé, a propósito da estreia com a sua banda, os Trevo, no Caparica Primavera Surf Fest, no próximo sábado, dia 8. É a primeira vez que atua num festival com a sua banda e este, que começou há quatro anos, conhece muito bem. "Tenho ido todos os anos."

Para Gonçalo Bilé, o problema é escolher um dia do cartaz do Caparica Primavera Surf Fest, que começa na quinta-feira. "Se pudesse ia ver os dias todos." Desfia as preferências: "Frankie Chavez, que eu conheço e é meu amigo, gostava de ir lá dar um apoiozinho e ver"; "Keep Razors Sharp, também tenho boa relação com eles, curtia ir ver"; "Paus é sempre uma grande festa"; Allen Halloween, Virgul, April Ivy, Slow J... E, claro, Tara Perdida, que atuam no mesmo dia que os Trevo na praia do Paraíso e com quem está a ser preparada uma surpresa. "Uma participação de Tara no nosso concerto e o contrário", revela.

Os Trevo, nascidos no lado punk rock de Alvalade do encontro de Gonçalo Bilé e de Ivo Palitos, são os autores da canção Face Meu, Face Meu e editaram o primeiro disco em 2016. "Vamos tentar fazer o repertório mais animado do disco que acabámos de lançar, um bocado o que estivemos a fazer desde que o disco saiu." É a primeira vez que se apresentam num festival. "Vai ser bom tocar em casa."

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Frankie Chavez, novo concerto

Concerto novo é o que leva Frankie Chavez ao festival. O músico vai chegar à Caparica em cima do seu concerto, na sexta-feira, e promete que "vai ser totalmente diferente". "Acabámos de gravar o disco, vai ser o primeiro concerto da tour onde vamos meter uma data de músicas novas e portanto vai ser novo para vocês e para nós", revela, em declarações ao DN.

Não se trata apenas de um novo alinhamento. É o primeiro concerto de Frankie Chavez "com a banda que gravou o disco", diz, a propósito de Double or Nothing, o álbum que sai "em maio" e que inclui o single My Religion. "São músicos com quem já toco há imenso tempo, mas temos um elemento novo, o Filipe Borges, que gravou connosco, mas nunca tocámos ao vivo." Hesita, pois, sobre o que será este concerto: "Nós vamos lá para agarrar aquilo logo bem, os ensaios têm de ser feitos em casa, mas não deixa de ser um teste, porque coincidiu ser o primeiro concerto desde que começámos a ensaiar, desde que fizemos o set [alinhamento] novo, arranjos novos."

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Quando se pede para escolher um dia para ir, Frankie Chavez faz uma seleção por vários. "Gostava de ver Slow J, mas não estou cá, Keep Razors Sharp [que tocam no mesmo dia que Frankie Chavez], e, dos outros dias, o Regula, o [DJ] Cruzfader, sábado acho que também ia gostar de ver Ferro Gaita. E, no dia 8, Allen Hallooween e Trevo. Acho que é isto."

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Terceira edição, a crescer

Esta é a terceira edição do Caparica Primavera Surf Fest, um evento promovido pela Câmara Municipal de Almada, que, além de música, tem surf e, neste ano, uma prova do World Surf League (WSL), algo que nem Gonçalo Bilé nem Frankie Chavez, surfistas, vão poder fazer enquanto decorrer o festival, de 6 a 15 deste mês.

O Caparica Primavera Surf Fest "é o primeiro festival do ano, quer desportivo quer musical", frisa o seu diretor artístico e de produção, António Miguel Guimarães, ao DN. "Temos mais provas desportivas, três em vez de uma. Isto não é só surf." Tem todas as modalidades de onda (skate, windsurf, bodyboard, longboard, kayakesurf e stand up paddle).

Os concertos são a cereja no topo do bolo: de quinta a sábado das 21.00 às 03.00 (os DJ tomam conta da madrugada, entre eles Bruno Dias, residente no Jamaica, que traz para a Costa de Caparica os sons desta discoteca).

A programação tenta tocar todas as teclas, que é como quem diz, agradar a todos os gostos - pop, rock, alternativo, hip-hop, afro... "Temos apurado o conceito no Surf Fest, criando noites homogéneas com público mais específico, mas em que também se descubra alguma coisa no espetáculo", sustenta António Miguel Guimarães. "Temos músicos de que as pessoas possam gostar, mas no meio coisas pelas quais também se possam interessar." É o próprio Guimarães que dá os exemplos: "Se calhar as pessoas vêm por Tara Perdida e Allen Halloween e descobrem Trevo. No primeiro dia [quinta, dia 6], vêm por Diogo Piçarra e April Ivy e descobrem Slow J. No dia do hip--hop, muita gente vem por Regula e vai descobrir Valas. No dia anterior, vêm por Virgul e Freddy Locks e vai descobrir Jay Moreira, que é uma estrela do hip-hop em Cabo Verde."

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O que não existe aqui, segundo o diretor artístico, é surf music. "Tenho uma ideia de que o surfista é uma pessoa igual às outras todas, gosta de música e de diversos estilos de música. Não reconheço a quase ninguém só gostar de um estilo de música. Não partilho a ideia de existir uma surf music e se existiu foi na América nos anos 60, em que um grupo ou outro ficou associado a isso", considera António Miguel Guimarães.

April Ivy, a única mulher no cartaz

Na última semana, foram confirmados os Ferro Gaita, de Cabo Verde, em substituição da cantora Sara Tavares, que, por motivos pessoais, cancelou o concerto no Caparica Primavera Surf Fest.

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E, assim, num cartaz com 24 nomes, a cantora April Ivy é a única. Atua na quinta--feira, o mesmo dia de Diogo Piçarra, com quem gravou Não Sou Eu, um dueto para o mais recente álbum do cantor, Do=s.

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Gonçalo Bilé concorda que é "poucochinho". "E temos aí tantos talentos... Temos aí tantas miúdas a cantar "muita" bem e com "temazorros muita" fortes. Realmente, é estranho."

O desequilíbrio estatístico tinha passado despercebido a Frankie Chavez. "Então, as miúdas têm de se mandar para frente", responde. "April tem estado a bombar mais, depois é a Aurea e a Ana Moura, mas essas devem ir ao Sol da Caparica", reflete, em voz alta, lembrando o outro festival que decorre por estas paragens, de 10 a 13 de agosto. "É mais o vibe. A April é capaz de se encaixar bem aqui neste vibe."

Gonçalo Bilé concorda com Chavez. "Este festival, sendo mais virado para o surf e para os desportos radicais, o pessoal puxa um bocadinho menos às canções", nota, indo, também, ao encontro do argumento de António Miguel Guimarães sobre a notória ausência de vozes femininas.

Responsável pela programação do festival, Guimarães afirma que "é um mero acaso" que April Ivy, nome artístico da cantora Mariana Gonçalves, de 17 anos, preencha a quota das mulheres. "Não é uma preocupação minha, e nossa. A nossa preocupação é muito mais a atualidade artística e os conceitos musicais." E, a propósito desse critério, sustenta que "a realidade é que temos menos mulheres a cantar fora do fado e da canção do que há uns anos".

"Mas nós defendemos a igualdade de género", adianta António Miguel Guimarães. "Fomos a primeira organização mundial a colocar à World Surf League que queríamos prize money [para os surfistas profissionais] iguais nas nossas provas de surf", justifica. "Fomos pioneiros nisso no ano passado e neste ano a World Surf League definiu que os prize money passavam a ser iguais. Foi uma pequena contribuição que demos para a igualdade de género. A Joana Schenker, campeã nacional de bodyboard, tem salientado que foi na Caparica que, pela primeira vez, conseguiram ter igualdade de prémios. São pequenos passos, mas sempre ligados ao mérito. Não vamos fazer uma noite só de mulheres só porque sim, o público não ia gostar."

Programa:

5ª-feira, 6 de abril
Diogo Piçarra
April Ivy
Slow J
DJ Pedro Walter

6ª-feira 7 de abril
Keep Razors Sharp
Paus
Frankie Chavez
Noite Jamaica by DJ Bruno Dias

Sábado 8 de abril
Tara Perdida
Allen Halloween
Trevo
DJ Nuno Calado

5ª-feira 13 de abril

Virgul
Freddy Locks
Jay & Bandidos
Djeff Afrozilla

6ª-feira 14 de abril
Regula
Holly Hood
Valas
DJ Cruzfader

Sábado 15 de abril
Ferro Gaita
Djodje
Celeste/Mariposa
DJ Nelson Cunha | Mega Hits

DJ Set com Rui Miguel Abreu, Praia do Dragão Vermelho (18.00 às 20.30)

Mais informações:

Caparica Primavera Surf Fest
Praia do Paraíso, Costa de Caparica
De 6 a 15 de abril
Entradas:
Bilhete diário, 10 euros; Diário com cartão de estudante, 8 euros.
Passe de seis dias, 30 euros; Passe com cartão de estudante, 25 euros.
Entrada livre nos eventos desportivos.

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