Capa púdica na reedição de 'O Nu na Antiguidade Clássica' de Sophia
Regressa hoje às livrarias o ensaio de Sophia de Mello Breyner Andresen, O Nu Na Antiguidade Clássica, obra desaparecida há uns bons anos e que surpreende pela capa púdica, bem diferente das impressas em anteriores edições publicadas em vida da poeta, em que a estátua de um homem em nu frontal era a ilustração.
Nesta edição dá-se destaque na capa a um pormenor dos bronzes de Riace, um capítulo que a poeta acrescentou posteriormente, e que, conforme se observa na fotografia incluída nesta nova edição na página 118, contêm do corpo masculino todas as partes que estavam bem visíveis nas capas anteriores, que poderiam ter sido utilizadas em toda a dimensão em vez do "pormenor" mínimo do rosto e de um pedaço de tronco que nem chega ao peito.
No texto da poeta incluído no livro sobre estes bronzes é destacada essa particularidade das duas estátuas encontradas em 1972 no mar da Calábria: "Os corpos são esculpidos com extremo realismo". Uma sensação que a poeta faz questão de descrever melhor: "Quando as vemos 'ao vivo', na sala do Museu de Reggio, a portentosa intensidade e o assombro da sua presença".
A nova edição da Assírio & Alvim sucede à primeira sob o título O Nu e a Arte em 1975 na Estúdios Cor, uma segunda na Portugália já com o atual título e profusamente ilustrada, em 1992 na Editorial Caminho e agora na Assírio & Alvim. Segundo esta editora, o ensaio "há muito esgotado, volta a publicar-se no ano do centenário do nascimento da autora, em conjunto com uma antologia significativa de poemas dedicados à antiguidade clássica, selecionados por Maria Andresen de Sousa Tavares", a que se acrescenta de um prefácio de José Pedro Serra em que se refere: "O texto que agora se reedita não é uma história da arte grega, nem a isso se propõe; não é igualmente um texto de académica erudição, procurando inserir-se e porventura dilatar o largo caudal da tradição universitária. Embora nobre, tal não constitui a sua intencionalidade primordial. O Nu na Antiguidade Clássica ergue-se a partir de intuições nucleares, ardentes fachos concedidos pelos deuses, intuições cerzidas e estendidas em abissais vivências, em que o épico resplendor do Sol se mistura com o abissal e trágico canto da Esfinge."
Entre as várias iniciativas que assinalam o centenário do nascimento da poeta está o Segundo Colóquio Internacional Sophia de Mello Breyner Andresen, que decorre amanhã e sexta-feira na Fundação Gulbenkian, em Lisboa. a 12 de junho, realiza-se em Roma outro Colóquio internacional com a participação dos mais jovens investigadores da obra de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Os colóquios não se ficam por aqui. Em setembro será a vez de outro colóquio no Rio de Janeiro, Sena & Sophia: Centenários, durante quatro dias. Em outubro, realiza-se "Lagos onde reinventei o mundo", um Colóquio Internacional com início dia 3. A 6 de novembro começam dois dias de debate na Universidade de São José em Macau sobre a obra de Sophia, a poesia, questões de tradução e a literatura na sala de aula.
Quinta, 16
Abertura com Guilherme d"Oliveira Martins, Maria Andresen de Sousa Tavares, Fernando Cabral Martins e Augusto Santos Silva
Mesa-redonda com Eucanãa Ferraz, Frederico Lourenço e Fátima Freitas Morna
1 Painel
Adília Lopes: Adília sobre Sophia
Silvina Rodrigues Lopes: Breve, preciso, indefinido - o apelo
Helder Macedo: O rapaz de bronze no tempo dividido
Helmut Siepmann: "O caminho para a minha casa" - processo poético e finalidade existencial na obra de Sophia
Carlos Mendes de Sousa: Poesia e realidade: a prosa de Sophia de Mello Breyner Andresen
2 Painel
Pedro Eiras: Encantamentos: entre Sophia de Mello Breyner Andresen e Cristina Campo
Anna Klobucka: Sophia e os cem anos da poesia de autoria feminina em Portugal
Cláudia Pazos-Alonso: Nas entrelinhas do texto: pensar a questão da autoria feminina em Sophia
Paola Poma: Sophia e Szymborska: o fio de linho da palavra
Maria Lúcia Dal Farra: Sophia Poetisa
Joana Matos Frias
Outros Poetas : Richard Zenith Federico Bertolazzi Paula Morão e Fernando Cabral Martins
Sexta, 17
Guilherme d"Oliveira Martins, José Manuel dos Santos, José António Pinto Ribeiro e Ana Luísa Amaral: A política
3ºPainel
José Pedro Serra: A Grécia: nudez e revelação poética
Filipa Soares: Sophia: obra traduzida e receção na imprensa espanhola
Joana Matos Frias: Did you say Byron or Breyner?: falas e falácias românticas
Jorge Fernandes da Silveira: "Brasília" - o poema - revisitado
Fernando J. B. Martinho: A Dinamarca de Sophia e Federico Bertolazzi
4 Painel
Com a presença do Presidente da República
Perfecto Cuadrado: Mário Cesariny leitor de Sophia de Mello Breyner Andresen
Emília Pinto de Almeida: A veemência do visível. Para uma leitura do "diáfano" na poesia de Sophia
Pedro Lopes de Almeida:Geografias de Sophia: paisagem, viagem e deslocamento
Sofia Sousa Silva: Projeto: derivações e deriva
Gustavo Rubim: A expiração essencial
e Carlos Mendes de Sousa
Sessão : João Queiroz, Maria Filomena Molder, Rosa Maria Martelo e Maria Andresen de Sousa Tavares: Arte e Poética
Encerramento : Maria Andresen de Sousa Tavares, Guilherme d'Oliveira Martins, Maria Calado e Graça Fonseca
Ver programação do centenário em http://centenariodesophia.com/category/programa/