Campistas fazem férias curtas e mais perto de casa

A crise e o tempo instável está a levar os campistas a fazer férias mais curtas e perto de casa, como acontece no parque de campismo municipal de Peniche, onde a afluência é muito inferior à de 2009.
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Joaquim Agostinho, da Nazaré, veio com a família passar o primeiro fim de semana de verão ao parque de campismo municipal de Peniche, uma solução à medida da sua carteira ao contrário de outras. Ainda assim, nem sempre a família consegue ir de férias porque, além do tempo instável, este ano 'financeiramente é mais complicado porque os ordenados mantêm-se e tudo aumenta". "Podíamos ir passar meia dúzia de fins de semana e este ano vamos passar menos porque o orçamento não dá para muito mais', admite.

Vindo de mais longe, António Augusto Conceição e a mulher, residentes em Aveiro, partilham dos mesmos problemas. Campistas há vários anos, actualmente estão a optar por fazer férias mais repartidas, perto de casa e durante menos dias 'para aproveitar as alturas de falta de trabalho'. 'Financeiramente está cada vez mais difícil e prevejo este ano fazer menos férias, por menos dias e mais perto de casa para serem férias mais económicas', refere o campista.

As taxas de ocupação do parque de campismo municipal de Peniche espelham a tendência decrescente do número de pessoas de férias. Dados do mês de Junho disponibilizados pela câmara municipal apontam para uma redução de 12 por cento no número de entradas e de 22 por cento nas dormidas em 2010 face a 2009.

Em Julho, o parque, com cerca de 900 campistas regista uma ocupação de 45 por cento da sua capacidade. Além da afluência ser menor, a crise está também a afectar as carteiras dos campistas permanentes.    

De acordo com informações enviadas por escrito pela autarquia, está a ser também 'muito difícil' efectuar as cobranças normais e verifica-se que há campistas que 'prescindem de hábitos como levar o carro para o interior do parque, deixando-o no exterior', para poupar na despesa.

Os parques de campismo devem reflectir este ano uma diminuição na procura devido à crise, que no entanto não deverá afectar os alojamentos em bungalows, de acordo com alguns responsáveis por parques.

Se a Orbitur, que detém 12 parques de campismo, espera alcançar este verão os mesmos números do ano passado, já o Camping de Porto Covo e o parque de campismo de Albufeira estão preparados para uma descida. A Orbitur espera uma ocupação semelhante à do ano anterior - um milhão e cem mil dormidas - eventualmente com um 'ligeiro crescimento das vendas totais, de campismo e de unidades de alojamento'.

A Associação Nacional das Entidades Regionais de Turismo admite que haja uma 'ligeira diminuição na procura' de parques de campismo portugueses, devido à crise, como já tinha acontecido em 2009.

O presidente da Associação, Nuno Aires, referiu que no ano passado houve uma diminuição de 1,9 por cento face ao ano anterior nos parques de campismo, revelando ainda que nos hotéis a quebra foi três vezes maior. 'Este ano é expectável que também nos parques de campismo se verifique uma ligeira retracção na procura, em função do contexto económico actual', disse à Lusa.

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