Cameron rejeita impacto do não holandês no referendo britânico
O primeiro-ministro britânico afirmou esperar que o não dos holandeses ao acordo de associação entre a UE e a Ucrânia não afete o resultado do referendo sobre a permanência britânica no bloco comunitário.
"Espero que não afete os resultados do nosso referendo, porque é um assunto muito diferente", disse David Cameron, durante um debate público realizado, ontem, em Exeter, no Sudoeste de Inglaterra.
O Reino Unido realiza a 23 de junho deste ano um referendo sobre a permanência ou a saída (conhecida como brexit) do Reino Unido na União Europeia (UE).
Na quarta-feira, os eleitores holandeses rejeitaram o acordo de associação UE-Ucrânia, o qual permite remover as barreiras comerciais com Kiev.
Apesar da baixa taxa de participação na consulta, 32,2%, a votação foi considerada válida, uma vez que superou os 30%. O acordo foi rejeitado por 61,1% dos eleitores que participaram, contra 38,1% de votos favoráveis.
O referendo holandês estava a ser encarado como um barómetro do sentimento anti-UE e foi rapidamente aplaudido pelos grupos eurocéticos.
"É importante que as instituições europeias e o governo holandês oiçam com atenção o que as pessoas estão a dizer, para tentar entender e tentar trabalhar com isso", afirmou Cameron, que defende a permanência britânica na UE após ter conseguido negociar algumas reformas na relação entre o Reino Unido e Bruxelas. Mas acrescentou: "Não acho que tenha qualquer efeito sobre nós, porque nós temos uma questão muito mais ampla."
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Nigel Farage, líder do eurocético Partido para a Independência do Reino Unido (UKIP), saudou por sua vez a consulta pública holandesa como "uma tremenda vitória para a democracia".
Brian Monteith, o porta-voz de um grupo que defende o brexit, salientou que o resultado holandês "dá ao povo britânico um sinal de que é moderado e normal rejeitar a UE e defender os melhores interesses do país".
As mais recentes sondagens revelam uma tendência de voto, mas também mostram que a votação no referendo de 23 de junho será muito disputada.
Uma sondagem realizada na internet e publicada no domingo no jornal The Observer apontava para a vitória do brexit, com 43% das intenções de votos. Cerca de 39% dos inquiridos afirmaram querer votar pela permanência do Reino Unido na UE, de acordo com os mesmos dados.
Mas além dos eurocéticos do Reino Unido, houve mais quem aplaudisse o não. Geert Wilders, eurodeputado holandês e líder do Partido da Liberdade, considerou "fantástico" o resultado do referendo no seu país, Marine Le Pen, líder da Frente Nacional, partido francês de extrema-direita, saudou-o, no Twitter. Através dessa mesma rede social, o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, considerou o resultado uma "indicação sobre a atitude dos europeus face ao sistema político da Ucrânia".
Para o presidente ucraniano, Petro Porochenko, o não holandês "é uma grande desilusão". Já o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, declarou-se triste, mas disse que compete ao governo holandês "decidir a forma de ação" a seguir.