Cameron chumba, mas Corbyn continua demasiado verde

Saída do Reino Unido da União Europeia levará a queda no preço das casas e das rendas, avisa agência Moody"s. Os mais jovens são mais europeístas
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Quase metade dos britânicos pensa que o executivo de David Cameron está a fazer um mau trabalho no que diz respeito à economia. Uma sondagem publicada ontem no London Evening Standard mostra que 47% dos inquiridos avalia com nota negativa a performance do governo em matéria económica. Os dias já foram melhores para o primeiro-ministro conservador: em março de 2015 eram apenas 37% aqueles que lhe mostravam o cartão vermelho.

Apesar destes maus sinais para o governo, o estudo também encerra boas notícias para os tories: 63% considera que o Partido Trabalhista não está preparado para governar e apenas 22% julga que o líder da oposição, Jeremy Corbyn, já estaria apto para chefiar o governo.

De qualquer forma, para já, não é o duelo com Corbyn que vai dando dores de cabeça a David Cameron, mas sim a campanha para o referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia, que terá lugar a 23 de junho.

À medida que se aproxima a data da ida às urnas, vão saindo cada vez mais notícias e avaliações sobre as consequências de um possível brexit. Ontem foi a vez da agência de rating Moody"s refletir sobre o impacto no mercado imobiliário no Reino Unido de uma possível saída da União Europeia. Tudo indica que o brexit faria diminuir a procura de casas e que isso teria como consequência uma diminuição dos preços e das rendas. Boas notícias para quem anda à procura de um lar. Más notícias para os senhorios e proprietários.

Quem irá beneficiar de todo o alarido em torno do referendo, pelo menos até ao dia da votação, são os Correios do Reino Unido (Royal Mail). Numa notícia ontem publicada, a Bloomberg revela que o material propagandístico endereçado aos eleitores e os boletins de voto que seguirão por via postal, irão ajudar os Correios a compensar parte das perdas provocadas pelo progressivo abandono das comunicações por carta. Moya Greene, da direção da Royal Mail, espera que 30% dos votantes no referendo depositem o seu voto via correio.

Ataque aos mais novos

Apesar de o país continuar divido no que diz respeito ao brexit, as sondagens mais recentes, publicadas nesta semana, dão a entender que o voto pela permanência na UE começa a sedimentar alguma vantagem. Um estudo eleitoral divulgado pelo London Evening Standard dá uma diferença de 18 pontos (55% contra 37%) favorável à continuidade na União Europeia.

Também as sondagens divulgadas pelo Daily Telegraph (55% contra 40%), pelo The Times (44% contra 40%) e pelo The Independent (43% e 40,5%) mostram que a maioria dos britânicos prefere continuar de mão dada com a Europa - por muito pouco amor que exista no casamento - em vez de dar-lhe com os pés.

Em sentido contrário, apenas um estudo de opinião - realizado online e publicado no The Guardian na passada segunda-feira - que dá à saída uma vantagem de quatro pontos. Ainda assim, o mesmo diário realizou outra sondagem por telefone e neste caso o sim à UE vence por 10 pontos.

As grandes incógnitas neste momento passam pelos indecisos e pela abstenção. Os estudos mostram que os jovens são mais europeístas do que os mais velhos. De acordo com um estudo realizado pela empresa Opinium, 56% dos britânicos entre os 18 e os 34 anos são favoráveis à permanência. Um valor que desce para 33% entre aqueles que têm mais de 55 anos.

O problema, aos olhos de quem defende a continuidade do matrimónio com a Europa, é que os mais novos, apesar de pró-europeus, mostram uma vincada tendência abstencionista. Espera-se por isso que nas próximas semanas a a estratégia dos defensores da permanência passe por convencer os jovens a comparecer no referendo. Nesse sentido há já campanhas a decorrer nas lojas Starbucks e em aplicações como o Tinder ou o Facebook.

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