A organização não-governamental Animal questiono esta quinta-feira a Câmara de Lisboa sobre o controlo de pombos na cidade, depois de o município ter afixado cartazes "diabolizantes" destas aves que, para a provedora dos Animais, devem ser substituídos..Numa carta dirigida ao presidente da autarquia, Fernando Medina, a Animal pergunta se a Câmara "está a proceder à alimentação dos pombos, nomeadamente com alimentação que inclui contracetivo", e a que altura do dia isso acontece..A missiva assinada pela presidente da direção, Rita Silva, surge depois de o município ter colocado em locais como o Rossio e o Cais do Sodré cartazes com a inscrição "Proibido alimentar pombos. Os pombos podem causar alergias e transmissão de doenças"..A autarquia evoca o Regulamento de Resíduos Sólidos da Cidade de Lisboa, que refere que dar alimentos aos pombos "é passível de coima de um vigésimo a um quinto do salário mínimo nacional"..Para a Animal, "os cartazes têm apenas um caráter proibitivo e 'diabolizante' dos pombos, chamando a atenção para as doenças que estes alegadamente transmitirão"..Por isso, Rita Silva questiona, na carta, se "não seria mais pedagógico, dando-se o caso de a Câmara estar, de facto, a alimentar os animais e a tratar do controlo ético da população, pedir às pessoas para não os alimentarem, precisamente porque a Câmara já o estaria a fazer"..A responsável mostrou-se "indignada com a forma deseducativa como a Câmara coloca estes cartazes"..Rita Silva salientou ainda que "a contraceção é a única maneira de controlar" a espécie.."Não é matando: além de ser antiético, não é eficaz", adiantou..A Câmara de Lisboa explica que afixou os cartazes para informar os munícipes.."A população de pombos pode crescer de forma descontrolada com a disponibilização permanente de alimento. É esse excesso de alimento que a Câmara Municipal de Lisboa pretende diminuir", justifica a autarquia, adiantando que os cartazes foram postos em "pontos críticos de alimentação de pombos"..Por seu lado, a provedora dos Animais de Lisboa, Inês Sousa Real, disse que acompanha o desagrado da associação, considerando que os cartazes "não vão ao encontro de uma política pedagógica" e que "devem ser substituídos"..Através da carta, a associação quer ainda saber se continuam a ser feitas "capturas cruéis de pombos", bem como qual o ponto de situação do projeto "Pombais contracetivos", vencedor do Orçamento Participativo da autarquia em 2015..Após uma reunião com os serviços da Câmara, a provedora dos Animais teve conhecimento de que ainda existe captura e abate de pombos, classificando a situação como "uma política completamente ineficaz".."O pombal contracetivo é o caminho", advogou Inês Sousa Real..O município revela que o projeto vencedor do Orçamento Participativo 2015 está "em implementação através da instalação de um pombal contracetivo que estará equipado com tecnologia que permitirá monitorizar a nidificação da população columbina"..Para isso, está a ser reformulada a estrutura de madeira já existente no Parque Silva Porto, em Benfica, perto do qual "existe já uma comunidade de pombos radicada"..A Câmara adianta que "diversas Juntas de Freguesia já manifestaram interesse em ver instalado nos seus territórios pombais contracetivos".