Calminha, é preciso calminha

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Andámos anos a lamentar o discurso demasiado prudente dos nossos selecionadores, que quando chegavam às fases finais invariavelmente punham travão nas euforias. "O objetivo é passar a fase de grupos, depois logo se vê." A frase foi mais ou menos comum a todos. Mais coisa menos coisa.
Santos quebrou este registo. Foi corajoso e assumiu antes do Europeu que o objetivo era chegar à final e ganhá-la. Mas assumiu riscos. Claro que ninguém lhe vai cobrar se cair nas meias-finais. Ou até mesmo nos quartos-de-final, dependendo dos adversários. Mas nem o mais descrente adepto da nossa seleção imaginava que Portugal estaria dependente do resultado do último jogo do grupo. Nem Santos nos seus piores sonhos!
A coragem inicial do selecionador deve ser elogiada. Já não me parece muito prudente ter vindo ontem reafirmar o objetivo de ser campeão depois de dois empates com equipas teoricamente muito inferiores a Portugal - não apenas reafirmou a convicção como a reforçou, confessando que até disse à família que só regressa no dia após a final... e para ser recebido em festa.
Segundo me recordo, o selecionador usou o termo "calminha" quando a seleção goleou a Estónia por 7-0 no último teste antes do Europeu. Aquele "calminha" tinha um significado, queria dizer qualquer coisa como "atenção que no Europeu não vamos ter brindes destes". O objetivo foi assumido e não é possível voltar atrás. Mas na atual conjuntura, Santos devia ter mais "calminha".

P.S. Um exercício meramente teórico. Se Portugal vencer a Hungria e for primeiro do grupo, provavelmente encontrará a Bélgica nos oitavos-de-final. Se for segundo, pode apanhar pelo caminho uma Inglaterra ou um País de Gales, mais certo os primeiros. Mas atenção: se for terceiro, e estiver entre os quatro que passam à fase seguinte, pode apanhar uma Espanha ou uma Alemanha. Por isso, por favor, evitem ser
os terceiros do grupo.

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