A azáfama começou mais de três horas antes da abertura oficial do fórum, com registo dos participantes, entrega de credenciais, pedidos de informação e os últimos retoques dentro e fora do Estádio Nacional, nos arredores da cidade da Praia, onde decorre o evento. .Muita gente caminha de um lado para o outro com caixas, malas, equipamentos de som e de filmagem, jaquetas às costas, há cumprimentos calorosos, tudo sob olhar atento da Polícia Nacional (PN), que montou um forte aparato de segurança em todas as entradas. .Toda a gente é revistada para depois passar pelo detetor de metais, numa espécie de "boas-vindas" do IV Fórum Mundial de Desenvolvimento Económico Local, o maior avento alguma vez realizado em Cabo Verde..Mais à frente, avista-se a sala de primeiros socorros, com profissionais de saúde, bombeiros e proteção civil a postos para qualquer eventualidade. .A azáfama continua nos corredores do Estádio Nacional e nas salas de imprensa, de apoio, redação, e ouvem-se várias línguas de muitos dos mais de 80 países presentes no fórum. .Mas os caminhos e atenções vão dar à tenda onde decorreu a abertura oficial, que tem o nome de "Santiago", a maior ilha de Cabo Verde, enquanto as conferências e outras sessões vão ser realizadas em salas com o nome de todas as restantes ilhas do arquipélago..Porta a porta com "Santiago" está montada outra tenda, com as exposições de todos os municípios cabo-verdianos..Logo que se aproxima do expositor da Praia, Célia Lopes dá as boas-vindas com um sorriso agradável, ao mesmo tempo que apresenta os produtos e serviços expostos. ."O mundo hoje é Cabo Verde", afirmou à agência Lusa, no expositor que fica defronte do da Cidade Velha, património mundial da humanidade e a primeira cidade construída pelos portugueses na África Ocidental. .À semelhança da Praia, todos os expositores das outras ilhas, municípios e organizações apresentam vários produtos de artesanato, rendas e bordados, bijutarias, bebidas, doces, negócios e serviços. .De São Salvador do Mundo, município do interior da ilha de Santiago, Carlene Fernandes apresenta doces, salgados, mel, grogue, cestos, quadros, produtos típicos da terra que vai dar a conhecer, esperando também vender..Para o Fórum, Carlene Fernandes disse que Picos, a vila do concelho, criado em 2005 e um dos mais pequenos e mais pobres de Cabo Verde, está representado com "espírito de equipa" e espera também ter "oportunidade de conhecer outras culturas". .A mesma expectativa tem o artesão Beto Diogo, que expõe sapatos, pulseiras, chaveiros, tudo feito de cabedal, e também apresenta os seus serviços como formador na área de artes de cabedal. .Beto Diogo ainda arruma o expositor, faz uns chaveiros e dá informações sobre preços e produtos, e vai dizendo à Lusa que a realização do Fórum em Cabo Verde é uma "ideia louvável".."Espero que tenha bom impacto na economia", perspetivou, dizendo que, pelo menos, vai permitir a entrada de "divisas" no país, numa "cadeia de valores" com retorno não só para o Governo, como também para restaurantes, bares, hotéis, transportes. .O "mundo" também vai conhecer os quadros de José Carlos, de nome artístico Zé di Dinhinha, natural de Assomada, na ilha de Santiago, mas que cresceu na Brava, a mais pequena ilha de Cabo Verde, que representa no Fórum. .Um dos quadros é uma bandeira dos Estados Unidos que, disse, simboliza a emigração dos bravenses para aquele país e a pesca da baleia e outro que homenageia Amílcar Cabral, considerado o "pai" da nacionalidade cabo-verdiana. .Mas o que tem José Carlos com o coração "sofrido" é o crónico isolamento da ilha da Brava, mais conhecida por "Ilha das Flores", por causa de problemas de transporte..Por isso, espera que o Fórum seja um "momento de negócios, convívio e experiências", mas também de procura de oportunidades para "tirar a ilha do isolamento", com mais atenção e apoios e formação aos seus quadros. .E espera também que a ilha não seja "conhecida" apenas pelo seu nome-maior, o escritor, poeta e compositor Eugénio Tavares, patrono do Dia Nacional da Cultura e das Comunidades Cabo-verdianas, assinalado a 18 de outubro, este ano nos 150 anos do seu nascimento..Representantes de mais de 80 países, incluindo Portugal, marcam presença no Fórum, que conta mais de dois mil participantes e 190 conferencistas..A organização estima um impacto financeiro para a economia local de cerca de 600 mil euros em transportes, alojamento, alimentação, comunicações e lazer.