Cabo Verde. Candidato à presidência e ex-PM incita a que se venda o voto
A campanha eleitoral para as presidenciais em Cabo Verde agora marcada por um insólito episódio quando a Comissão Nacional de Eleições (CNE) do país foi chamada a pronunciar-se pelo facto de um dos principais candidatos ter publicamente incitado a que os eleitores vendam o seu voto.
A queixa partiu do candidato Carlos Veiga -- antigo chefe de governo e que conta com o apoio político do partido MpD, que suporta o governo -- após o adversário José Maria Neves, -- outro antigo primeiro-ministro, apoiado pelo PAICV -- ter surgido em entrevistas a afirmar que não é contra a possibilidade de ser oferecido dinheiro a pessoas para que estas votem, sendo que, se tal acontecer, elas devem mesmo aceitá-lo.
Ainda segundo o queixoso, os eleitores deverão mesmo exigir mais dinheiro caso tal lhes aconteça.
Apesar de a candidatura de José Maria Neves aleguar que estas alegações são meras fake news a CNE cabo-verdiana cita uma passagem de um vídeo de José Maria Neves (na apresentação da candidatura) em que o próprio assume que "se êh dadp dinhero pe ca toma, ate porque dinhero ke êh dado, é riqueza de nôs tudo".
A CNE de Cabo Verde entendeu assim que este discurso "é possível de ser entendido da prática, ilegal" de incitamento à compra ou venda de votos, pelo que a liberdade de expressão a que assiste o candidato não é um direito superior à Lei Eleitoral que impede essa prática.
As eleições presidenciais em Cabo Verde realizam-se a 17 de outubro, com um eventual segunda volta marcada para dia 31 do mesmo mês. Contam este ano com um recorde de oito candidatos.