Bruxas más e efeitos especiais

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Há as prequelas, há as sequelas e depois há o chamado nem carne nem peixe. O Caçador e a Rainha de Gelo, seguindo-se ao mediano sucesso de público A Branca de Neve e o Caçador, lança as sementes de uma prequela ("há uma outra história que vocês ainda não viram...", diz o narrador, Liam Neeson), mas depois dá um salto de sete anos, que corresponde supostamente ao período do filme anterior, para atrelar a continuação. Se num primeiro momento conhecemos a irmã da bruxa Ravenna (Charlize Theron) - a Rainha de Gelo (Emily Blunt) - o que se segue é o romance proibido e a aventura de dois elementos do seu exército de caçadores, Chris Hemsworth e Jessica Chastain, em busca do espelho mágico roubado do castelo de Branca de Neve. Dela só se ouve pronunciar o nome, porque, afinal, a história é mesmo outra.

À semelhança dos propósitos industriais do primeiro filme - que justificam a existência de um segundo, a piscar o olho a um terceiro - este O Caçador e a Rainha de Gelo é uma relaxada prova da ausência de genuíno impulso narrativo, que a Disney, por exemplo, procura ainda preservar. Existir ou não um realizador por detrás, uma visão, nem que fosse residual, não entra na lógica de mercado. Ainda assim, ele existe e é um profissional... dos efeitos especiais, Cedric Nicolas-Troyan. Não estranhamente, a tal história que "ainda não vimos" está pejada de símbolos que, sim, já vimos inúmeras vezes. A poeira digital de Nicolas-Troyan faz todos os milagres possíveis (até dar corpos de anões a atores que não o são...), mas é concebida sem grande vontade de se unir ao propósito fundamental de contar bem uma história, com verdadeiras personagens lá dentro. Para ver, novamente, vestidos glamorosos e maquilhagem soberba no rosto de Charlize Theron, mais vale esperar pela próxima passadeira vermelha dos Óscares.

Crítica

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