Bruno Lage quer acabar com o luto do insucesso no Benfica
O Benfica decide esta quinta-feira (20.00 horas), no Estádio da Luz, frente ao Dínamo Zagreb a continuidade na Liga Europa, estando obrigado a dar a volta a uma desvantagem de 0-1. No entanto, o treinador Bruno Lage dedicou uma boa parte da conferência de imprensa a falar da desilusão que foi o empate concentido diante do Belenenses SAD na segunda-feira.
Um dos aspetos mais marcantes abordados pelo técnico foi a forma de estar que procura implementar na Luz no que diz respeito aos maus resultados. "Os portugueses têm muito o hábito de fazer o luto do insucesso. A derrota carrega-nos muito. Em Inglaterra, por exemplo, é sempre a andar - keep going - e eu tive de me adaptar àquilo. É essa mentalidade que eu quero incutir aqui. Temos de andar para a frente, perceber onde errámos, continuar a evoluir e no jogo seguinte dar uma resposta à imagem daquilo que temos produzido", frisou.
Numa abordagem longa sobre o que se passou com os azuis, Bruno Lage fez a defesa de Rúben Dias e Vlachodimos, cujos erros deram origem aos golos que permitiram o empate. "O futebol é um jogo onde se erra mais do que se acerta. O erro está lá. Podemos associar o Ody e o Rúben a erros tremendos que deram golos. É um facto. Mas e o contrário, em que estão associados a momentos muito positivos?", questionou, puxando de uma folha onde tem vários registos dos jogadores do Benfica.
"Falando do Rúben Dias, que não precisa de defesa porque é um homem, trata-se de um jovem internacional que, quando as coisas correm bem vai para ali ou para acolá, mas quando correm mal, é um jogador que tem 11, 12 ou 13 erros que já custaram pontos. Tem que haver um equilíbrio nas análises. Temos uma folha onde temos o registo de cada um em termos físicos: o Rúben Dias tem estado acima da média em todos os jogos, agora os erros acontecem a todos. Digam-me um central que nunca tenha passado uma bola curta que deu golo ou um guarda-redes que não teve uma bola daquelas que dá golo", começou por dizer.
"O básico é eles correrem, trabalharem e quererem ser uma equipa. A partir daí está tudo porreiro. O Jonas, por exemplo, correu 90 minutos como um miúdo de 20 anos, lutou e trabalhou para a equipa e deu-nos a vantagem no marcador. O que tenho visto é jogadores a trabalharem e a quererem ser uma equipa, que fizeram uma recuperação fantástica", sublinhou, mostrando a folha dos registos que tem sobre os seus atletas, deixando ainda uma certeza: "Ninguém sofre mais do que eles quando erram. Não vale a pena pensar no que aconteceu e o que vai fazer a diferença na carreira deles, é ter a capacidade para seguir em frente."
Sobre o duelo com o Dínamo Zagreb, Bruno Lage assumiu que para virar a eliminatória é preciso "fazer os primeiros 30 minutos do jogo de Zagreb e aquilo que a equipa tem vindo a fazer no campeonato". "Jogar bem, criar oportunidades de golo e dar a volta ao resultado desfavorável que neste momento é de 1-0", acrescentou.
O jogo da primeira mão voltou a ser detalhado deixando um recado ao técnico dos croatas, Nenad Bjelica: "Ao contrário do que o treinador adversário pensa, conhecemos em detalhe aquilo que são os nossos adversários. Temos um trajeto muito curto a este nível, mas há coisas que não deixamos de fazer e uma delas é essa. Esse é o trabalho dos treinadores: conhecer os adversários ao máximo e depois, em função das competições, definir o melhor onze para jogar."
Bruno Lage admitiu que a lesão de Seferovic em Zagreb "condicionou" o plano de jogo na primeira mão. "Perdemos o ataque à profundidade e passou a haver mais espaços para o Dínamo, que ficou mais confortável e mais confiante no jogo", disse, considerando o Dínamo "uma excelente equipa, com boa organização, bons valores individuais", mas advertiu que o Benfica tem "uma ambição enorme de voltar a jogar bem e conseguir um resultado que permita seguir em frente na eliminatória". "Agora temos que continuar o nosso caminho, a jogar bem e com qualidade, pois só assim podemos dar alegrias aos sócios", disse.
Bruno Lage deixou a garantia que não faz rotatividade no plantel. "O que fazemos é a a gestão normal do plantel, em função do melhor onze para jogos com poucos dias de intervalo. Temos de perceber isso escolhendo uma equipa que dê garantias de vencer", sublinhou, admitindo que na Croácia "não correu tão bem". "Somos nós que tomamos decisões antes das coisas acontecerem. Se sentimos que há um jogador que pode não corresponder, não o colocamos em campo. Por isso é que não falo em gestão de esforço", concluiu.
Uma das questões colocadas ao treinador do Benfica relacionou-se com os poucos remates enquadrados com a baliza nos dois últimos jogos. "A estatística vale o que vale, o mais importante é a quantidade de oportunidades criadas", argumentou, garantindo que para ele "esses dados estatísticos têm pouca importância".
"Gosto é de olhar para o que a equipa produz e isso deixa-me satisfeito. Não temos posse de bola para nada, mas sim para criamos muitas situações para finalizar. Fizemos 26 remates no total e criámos muitas oportunidades, à exceção do jogo da primeira mão com o Dínamo", acrescentou, rematando depois com um exemplo: "Há uma tirada do Carlos Carvalhal que mostra bem o que é a estatística: temos um frango, eu como um inteiro e você não come nada, mas a estatística diz que comemos meio frango cada um..."