Brisa vai usar "todos os meios" contra credores da Autoestradas do Douro Litoral
Depois de ter perdido a concessão da Autoestradas do Douro Litoral (AEDL), a Brisa promete agora passar ao contra-ataque. Em comunicado enviado aos jornalistas este domingo, a operadora avisa que vai utilizar "todos os meios ao seu alcance para repor a legalidade na concessionária Autoestradas do Douro Litoral, após a ação hostil desencadeada por um conjunto de credores liderados pelo hedge fund Strategic Value Partners LLC.
Em causa está uma dívida que ronda os mil milhões de euros. A Brisa e os credores da AEDL, que detém as concessões das autoestradas A41, A43 e A32, não conseguiram chegar a um acordo para o pagamento. Os credores consideraram que nos últimos cinco anos, a Brisa não cumpriu as suas obrigações no "pagamento de reembolsos de capital, juros, custos e comissões dos seus contratos financeiros, devido a uma estrutura de custos elevados e níveis de tráfego que estão abaixo das expectativas" iniciais. E por isso os credores assumiram a gestão da AEDL. Hoje, a Brisa vem contestar a ação dos credores.
"A entrada por meios hostis, sem aviso prévio, no meio de um processo negocial, por parte destes fundos de investimento de curto prazo, deve ser motivo de grande preocupação, porque coloca em causa de imediato o normal funcionamento da concessionária e o serviço público prestado aos portugueses pela Autoestradas do Douro Litoral", lê-se na nota.
A Brisa diz que "tem procurado, de boa-fé, e através de um processo dialogante e construtivo, chegar a um acordo para reestruturar a dívida da Autoestradas do Douro Litoral, por entender ser esta a solução mais criadora de valor para todas as partes e a melhor garantia para os utilizadores, no longo prazo". Uma "boa-fé" que, na visão da Brisa, "não foi partilhada pelo conjunto de credores liderado pela Strategic Value Partners LLC, ao contrário de outros credores como o Banco Santander, o Millennium BCP, a Caixa Geral de Depósitos e o Royal Bank of Scotland". A Brisa acusa o fundo Strategic Value Partners de ter um historial de "não respeitar acordos", adquirindo dívidas "a forte desconto com objetivos de rentabilidade desproporcionados, a materializar assumindo o controlo do ativo com o único propósito de o alienar a curto prazo e ao melhor preço".
A operadora nacional de infraestruturas de transporte conclui que "um eventual sucesso de atitudes hostis destes hedge funds (...) é lesivo para os interesses do setor, e em último caso do País". A concessão da Douro Litoral tem 79 quilómetros de autoestradas. A Brisa assumiu a concessão em 2007 por 27 anos, o que implicou um investimento de cerca de mil milhões de euros.