Portugal vence a vice-campeã Suécia por dez golos de diferença no Europeu de Andebol

Mais uma grande vitória de Portugal no Europeu da modalidade, desta vez frente aos vice-campeões europeus na ronda principal do torneio.
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A seleção nacional venceu de forma brilhante nesta sexta-feira a Suécia, por 35-25, em jogo do Grupo 2 da ronda principal do Europeu de Andebol, um triunfo que permitiu à equipa treinada por Paulo Pereira somar dois pontos, subir ao 3.º lugar e manter-se na luta pelo apuramento para a fase seguinte.

Em Malmö, o ruído de 10.000 adeptos suecos deu, progressivamente, lugar à incredulidade, à medida que os remates dos nórdicos encontravam no guarda-redes Alfredo Quintana um obstáculo intransponível e viam a sua seleção incapaz de encontrar antídoto para o sistema atacante 'sete contra seis'.

Quando o resultado atingiu 31-21, a cinco minutos do fim do jogo, as bancadas da Malmö Arena começaram a esvaziar-se, perante um dos resultados mais extraordinários do torneio, e foi já sob o aplauso dos suecos que permaneceram que foram marcados os últimos golos lusos.

A equipa nacional conquistou os primeiros dois pontos na estreia na segunda fase, para a qual tinha avançado com 'saldo negativo', devido à derrota (34-28) com a Noruega, uma vez que as seleções qualificadas na fase preliminar transportam para o 'main round' o resultado entre si.

Portugal tem como ponto alto no Europeu o sétimo lugar alcançado em 2000, na Croácia, e, para o melhorar, precisa de terminar, pelo menos, no terceiro lugar do Grupo II, liderado por Noruega e Eslovénia, ambas com quatro pontos, após os triunfos de hoje sobre a Hungria (36-29), que tem também dois, e a Islândia (30-27), ainda em 'branco'.

A Suécia estava na mesma situação de Portugal, uma vez que tinha perdido na ronda preliminar com a Eslovénia (21-19), mas a vice-campeã europeia foi manietada pela formação treinada por Paulo Pereira e nunca se mostrou à altura do seu rico historial: quatro títulos mundiais, olímpicos e europeus.

Quintana e o homólogo Mikael Appelgren estiveram em destaque numa fase inicial que foi equilibrada até ao momento em que a exclusão por dois minutos de Jesper Nielsen lançou Portugal para a vantagem de três golos (10-7), dois dos quais quando os nórdicos jogavam sem guarda-redes.

A Suécia ainda reduziu a diferença para 11-10, mas a equipa lusa 'disparou' para 14-10 e nem as exclusões quase sucessivas de Alexandre Cavalcanti e Luís Frade impediram Portugal de chegar ao intervalo a vencer por 15-12.

A seleção nacional 'abusou' sistema do 'sete contra seis' na segunda parte e foi perante a total incapacidade da Suécia para o contrariar que construiu um dos resultados mais sensacionais da sua história, que deixa a vice-campeã europeia praticamente afastada das meias-finais do torneio que coorganiza.

Portugal terminou não com um, mas com três melhores marcadores do jogo - João Ferraz, Rui Silva e Fábio Magalhães, cada um com seis golos -, os principais beneficiários do facto de a equipa ter jogado durante toda a segunda parte em superioridade numérica no ataque, e até Tiago Rocha se pôde estrear na prova com dois golos.

Portugal, que está a disputar pela sexta vez a fase final do Europeu, após 14 anos de ausência, venceu pela primeira vez a Suécia em fases finais de grandes competições internacionais, após quatro derrotas, a última das quais, precisamente, na ronda principal do Europeu de 2002.

"Esta vitória foi excecional, um hino ao desporto e ao andebol"


"Fizemos um grande jogo e estou orgulhoso de ter jogadores com este caráter. Hoje, ganhámos na primeira parte à Suécia sem jogar sete contra seis. Este triunfo é um bocadinho do Magnus [Andersson, treinador do FC Porto] e do FC Porto, mas não é só. É preciso valorizar esta rapaziada, que dá tudo.Com a Noruega só Nos centrámos nos árbitros. Perdemo-nos completamente. Se queremos andar a este nível temos de ter mais classe e assim foi. Esta vitória foi excecional, um hino ao desporto e ao andebol, ganhar na Suécia, com 12 mil a assistir. E amanhã [sábado] já estamos a pensar no outro jogo, se queremos chegar longe", disse Paulo Pereira, selecionador de Portugal, no final do jogo.

O próximo jogo é com a Islândia no domingo. "Estamos cheios de energia e vamos continuar a perseguir o objetivo de alcançar a melhor classificação de sempre, que é o sétimo lugar. Mas é preciso manter os pés bem assentes na terra, porque há 14 anos que não estávamos cá. Com este jogo e o comportamento que temos mostrado estamos a conquistar o mundo do andebol. É preciso manter a humildade que não tivemos no jogo com Noruega e, por isso, pagámos a fatura. Hoje, fomos realmente humildes (...) A Hungria e a Islândia são fortíssimas e a Eslovénia está a jogar espetacularmente, mas podemos jogar com qualquer seleção."

Os jogos não tem passado em canal aberto, o que é uma pena. na opinião do técnico. "Não sei por que razão a televisão pública não cumpre a função que devia ter. É uma tristeza, fico mesmo magoado. Não é todos os dias que Portugal está num Europeu de uma modalidade que mexe com milhões na Europa. Magoa-me muito. Quando vi a Rosa Mota e o Carlos Lopes ganhar eu chorava. Quando nos ganhámos também gostava de ver as pessoas chorar", confessou Paulo Pereira, lembrando: "Quando os nossos políticos perceberem que o desporto é uma parte essencial para a nossa vida vamos viver muito melhor."

Já Mats Olsson (treinador de guarda-redes da Suécia) felicitou "Portugal pelo jogo excelente": "Esteve muito bem tecnicamente e nós não estivemos ao nosso nível habitual. Mas talvez isso tenha acontecido também porque Portugal não nos deixou. Portugal demonstrou o nível que tem neste momento. Houve uma grande evolução em Portugal no último ano, como o demonstra a qualidade destes jogadores. Hoje, fizeram um jogo quase perfeito. Não estamos contentes com o nosso desempenho, mas a verdade é que Portugal não nos permitiu jogar como sabemos. A seleção portuguesa está neste momento muito perto das melhores seleções e das que têm um historial mais rico. A prova disso é que já venceram a França e a Suécia. Parabéns."

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