Brexit. Theresa May ainda acredita num entendimento com os trabalhistas
A esperança de uma saída tranquila do Reino Unido da UE ainda não morreu, pelo menos para a primeira-ministra britânica.
Questionada esta quarta-feira numa comissão parlamentar, Theresa May reafirmou que há quatro alternativas para o país. A primeira, e a melhor na sua visão, é formar uma maioria no parlamento para poder sair da UE com um acordo. Depois há as outras: decidir sair sem acordo, admitir o fracasso de um impasse inultrapassável e realizar um novo referendo para os britânicos voltarem a considerar a permanência na UE ou, finalmente, revogar o Brexit.
"Penso que a mais aceitável é formar uma maioria para ratificar o acordo de saída", sublinhou a chefe do executivo britânico.
A também líder do partido Conservador admitiu que foi uma medida "sem precedentes" abrir negociações com a oposição para encontrar um entendimento para sair do impasse criado pelo chumbo por três vezes do Acordo de Saída negociado pelo seu executivo com Bruxelas.
"Estamos a ter negociações construtivas e significativas, que continuam", revelou, a propósito dos vários encontros entre representantes do governo e do 'Labour', que têm decorrido nas últimas três semanas.
May admitiu "diferenças", mas garantiu que "em certas áreas-chave relativamente ao acordo de saída existe terreno em comum" e vincou que o governo se tem apresentado de "mente aberta".
Defendeu, no entanto, que é necessário "acabar com esta incerteza o mais rapidamente possível" e que se um consenso não for possível, mantém a ideia de realizar votações no parlamento sobre diferentes opções.
A primeira-ministra não foi clara sobre se o governo está disposto a aceitar a exigência de o Reino Unido negociar uma união aduaneira com a UE após o Brexit ou se insiste no modelo esboçado na Declaração Política sobre as relações futuras.
"Uma das discussões que temos estado a ter, e disse isto publicamente, é que na questão em torno dos procedimentos aduaneiros no futuro, vários termos são usados. Às vezes as pessoas usam termos diferentes para dizer a mesma coisa, às vezes representam abordagens diferentes", reafirmou.
Na sua intervenção, a líder conservadora foi firme na rejeição de um novo referendo ou "voto confirmatório" sobre um acordo de saída aprovado pelo parlamento britânico.
"A minha opinião sobre um segundo referendo é que devemos primeiro concretizar o primeiro referendo, é isso que as pessoas querem e esperam que façamos", defendeu.
A saída do Reino Unido da UE estava inicialmente prevista para 29 de março.
Para aceitar o adiamento, o Conselho Europeu impôs que, se um acordo de saída não for aprovado até 22 de maio, o país deve participar nas eleições para o Parlamento Europeu, permitindo que o processo do Brexit seja concluído até 31 de outubro.