Brexit: Merkel diz que "ainda há tempo" e França lembra que UE está unida

Líderes internacionais reagem à derrota de Theresa May. Rússia diz que não está a esfregar as mãos com a situação.
Publicado a
Atualizado a

A ideia de dar mais tempo ao Reino Unido para permitir um Brexit com acordo parece ganhar força na União Europeia, com a chanceler alemã, Angela Merkel, a dizer que "ainda há tempo para negociar" e a Áustria, entre outros, disponível para dar mais tempo a Theresa May.

Merkel diz que "ainda há tempo"

A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou hoje que "ainda há tempo para negociar" um acordo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, lamentando que o Parlamento britânico tenha rejeitado aquele que foi negociado entre o governo de Theresa May e Bruxelas.

"Nós queremos que os danos, e haverá em todos os casos, sejam os menores possíveis", disse a chanceler alemã, acrescentando que vão "tentar encontrar uma solução ordenada em conjunto". Angela Merkel sublinhou que ainda há "tempo para negociar", mas referiu que, neste momento, o Governo alemão está a aguardar por propostas da primeira-ministra britânica.

Mais cedo, o ministro da Economia alemão, Peter Altmaier, tinha defendido que "a União Europeia deve permitir mais tempo para encontrar uma posição clara da parte do Parlamento e do povo britânico", dizendo que pessoalmente acha que esse é um pedido razoável.

Já o chefe da diplomacia, Heiko Maas lembrava que "o tempo para brincadeiras acabou", acrescentando contudo que a União Europeia deve lidar de forma "construtiva" com qualquer pedido do Reino Unido em relação ao adiar do Brexit.

Áustria disponível a dar mais tempo ao Reino Unido

O chanceler austríaco, Sebastias Kurz, diz que a Áustria estaria disponível parar dar mais tempo ao Reino Unido para negociar e evitar um Brexit sem acordo. Contudo, lembrou que o atual acordo não pode ser renegociado.

"Quanto à relação futura... existe obviamente a possibilidade de definir alguns pontos se isso ajudar a evitar um Brexit sem acordo", disse Kurz numa conferência de imprensa. "O objetivo principal é evitar um Brexit sem acordo. Se precisarmos de mais tempo para chegar a isso, então devemos considerar essa opção", afirmou.

França reitera que União Europeia está unida

"Se existe alguma ideia a circular de que a União Europeia mostrou uma frente unida mas está de facto frágil e febril no que diz respeito aos seus princípios fundamentais, então isso é errado", disse um responsável do gabinete do presidente francês, Emmanuel Macron.

"Ninguém acredita nisso e acho que a Theresa May acredita nisso", acrescentou, lembrando contudo que "uma extensão do artigo 50 não é uma solução por si só, um procedimento existe e deve ser a consequência de um plano. O trabalho deve ser feito em Londres nos próximos dias, porque não é Bruxelas que está a bloquear as coisas", acrescentou.

Espanha lembra que Brexit é uma desgraça

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, reiterou hoje que a saída do Reino Unido da União Europeia é "uma desgraça" porque "todos perdem", mas disse esperar, ainda assim, uma "relação o mais estreita possível" após o Brexit.

"Sempre manifestei a minha opinião de que o Brexit é uma desgraça, [tanto] para o povo britânico como para a União. Ninguém ganha, todos perdemos, em especial os britânicos, particularmente os que mais necessitam de apoio do seu Governo, os mais vulneráveis", disse durante a sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo.

Sánchez notou contudo que a decisão de saída "é soberana e tem de ser respeitada", dizendo esperar que "o Reino Unido opte por manter uma relação o mais estreita possível com a UE".

"A decisão está do lado deles, mas os nossos princípios são claros", vincou o responsável, aludindo à necessidade de o Reino Unido respeitar "a integridade do mercado interno", bem como a "autonomia de decisão da UE".

Rússia não está a esfregar mãos de contentamento

O chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, reiterou que o Brexit é uma questão britânica, mas que a Rússia está naturalmente interessada na forma como vai afetar a União Europeia, um dos principais parceiros comerciais de Moscovo.

"Não dissemos e não vamos dizer nada sobre o Brexit, apesar de as pessoas estarem constantemente a dizer e a escrever que a Rússia está a esfregar as mãos de contentamento. Nada do género", afirmou aos jornalistas, citado pela Reuters.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt