Os líderes europeus iniciam nesta quinta-feira uma cimeira de dois dias para discutir o Brexit, com os "alicerces" de um acordo prontos para serem aprovados. Porém, o presidente cessante do Conselho Europeu, Donald Tusk, lamenta que ainda haja "dúvidas" do lado britânico..A poucas horas da cimeira, numa curtíssima declaração à chegada ao Parlamento Europeu, o negociador da União Europeia para o Brexit, Michel Barnier, considerou que "há bons progressos" e que "as negociações estão em curso"..O plano em cima da mesa propõe o controlo da entrada de produtos na ilha da Irlanda, através de uma fronteira marítima de regulamentação e aduaneira. Mas o plano levanta dúvidas em Belfast e o partido unionista, DUP, já veio opor-se. A líder do partido, Arlene Foster, acha que serão precisas mais discussões..De acordo com informações que circulam em Bruxelas, "há avanços", mas "nada muito ambicioso", comentou uma fonte ao DN. "Houve concessões" do Reino Unido nas negociações que antecederam a cimeira, mas em nenhum momento foi possível perceber se seria alcançado até ao final do dia..As discussões intensificaram-se nos últimos dias, numa corrida contra o tempo, que é realmente "escasso", a menos de duas semanas para a segunda data de saída do Reino Unido da União Europeia. Ontem mesmo discussões de última hora atrasaram o arranque de uma reunião de diplomatas, em que o negociador chefe da União Europeia para o Brexit atualizaria as informações sobre o andamento das negociações..Cedências.O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, foi forçado a fazer cedências, depois de na terça-feira à noite ter sido avisado de que a corda tinha esticado até ao limite e, sem um gesto do lado britânico, não restaria outra opção a não ser aceitar uma extensão..Pressionado também dentro do território britânico, nomeadamente na Irlanda do Norte, Johnson tentou até à última que o acordo negociado em Bruxelas não venha a ser chumbado no Parlamento. Por isso procurou negociar o apoio do partido unionista, DUP, prometendo à líder do partido, Arlene Foster, investimentos multimilionários na região..De acordo com os relatos da imprensa britânica, Boris Johnson prometeu verbas para a região para comprar o apoio na Irlanda do Norte. Estas negociações na Irlanda do Norte foram interpretadas pela imprensa britânica como um "vislumbre de esperança" para um acordo iminente..Em Dublin, o Taoiseach Leo Varadkar alimentou os sinais de "esperança" admitindo que as negociações estavam na direção certa, embora considerasse "nada claro" se seria possível "a conclusão de um acordo, que afinal é um tratado internacional, a tempo da cimeira de quinta-feira [hoje]"..Outras vozes juntaram-se ao final da tarde ao coro europeu que fala num acordo praticamente fechado, dependente agora da gestão interna no Reino Unido. Num encontro com o presidente francês, Emmanuel Macron, em Toulouse, a chanceler alemã, Angela Merkel, admitiu que as negociações do Brexit tinham chegado à "reta final".."Concordo com o que a chanceler alemã disse acerca do Brexit", admitiu Macron, manifestando "esperança e vontade em alcançar uma posição que permita aprovar o acordo, que espero que possa ser fechado nas próximas horas"..Alicerces.A juntar-se ao otimismo repentino no bloco europeu, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, admitiu ontem a uma televisão polaca, TVN24, que um acordo poderia ser concluído numa questão de "horas", uma vez que as "bases" estavam prontas para serem aprovadas na cimeira.."Os alicerces básicos de um acordo estão prontos e, teoricamente, amanhã [hoje] poderíamos aceitar este acordo com a Grã-Bretanha", afirmou, admitindo que "teoricamente em sete a oito horas tudo deve ficar claro"..Donald Tusk confessou que na noite anterior "estava pronto para apostar que está tudo pronto e acordado", lamentando que ainda subsistam "certas dúvidas do lado britânico", no caso concreto das questões levantadas pelo partido unionista, que pode bloquear o acordo no Parlamento britânico..Discórdia.De um lado, a necessidade de a União Europeia proteger o mercado único, por outro, o objetivo de Boris Johnson de manter a Irlanda do Norte dentro do território aduaneiro do Reino Unido. Embora se admitam "progressos", as duas opções continuam incompatíveis. O primeiro-ministro britânico admitia uma "grande discordância" sobre a inclusão das chamadas disposições de igualdade de condições na declaração política sobre a relação futura..Ainda assim, ontem, ao início da noite, várias fontes admitiam que um acordo estaria "próximo", mas com "partes" por acertar. E por essa razão não era certo que fosse alcançado..Túnel de negociações.As negociações entraram numa fase intensíssima no final da semana passada, num formato designado tecnicamente como túnel de negociações, durante o qual técnicos de ambas as partes fazem concessões e apresentam propostas - havendo lugar para testar modelos absurdos - sem arriscar avaliações políticas ou fugas para a opinião pública..Foram estas discussões que permitiram que nesta semana se admitisse a iminência de um acordo, que terá ainda de ser ratificado pelo Parlamento britânico e também pelo Parlamento Europeu..Aviso.O aviso esteve desde sempre em cima da mesa. E na abertura da última sessão plenária, antes da cimeira, o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, frisou que "qualquer acordo alcançado entre a União Europeia e o Reino Unido deve obter não apenas o voto da Câmara dos Comuns, mas também a aprovação do Parlamento Europeu", e as propostas do Reino Unido para uma alternativa ao backstop original "não constituem atualmente uma base para chegar a um acordo" e são apenas "ideias".."Não são propostas que possam ser implementadas imediatamente", considerou Sassoli, tendo avisado que neste momento identifica apenas "duas alternativas: a extensão ou nenhum acordo"..Novo adiamento?.Entretanto, com o tempo a esgotar-se e sem certezas quanto ao andamento e possível desfecho das negociações, o governo britânico admitiu em Londres que pretende cumprir a lei e solicitar novo adiamento da saída do Reino Unido da União Europeia.."O governo vai cumprir a lei e com os compromissos dados ao tribunal em relação à lei", afirmou o ministro do Brexit, Steve Barclay, no Parlamento britânico, perante a comissão parlamentar sobre a saída da UE, numa declaração que contraria as afirmações do chefe do governo, o qual sempre insistiu que não solicitaria uma nova extensão, admitindo mesmo uma saída sem acordo..Extensões.Nos corredores de Bruxelas discutia-se ontem que um acordo político sobre a relação futura poderia não evitar um adiamento, pois seria necessário fazer um debate e fechar as questões técnicas, para as quais é preciso tempo para negociar..Outra das hipóteses avançadas na semana passada apontava para a possibilidade do prazo de uma extensão poder vir a ser amplamente maior do que os três meses inicialmente discutidos. Fontes diplomáticas da União Europeia, citadas pelo jornal britânico The Guardian, admitiam a manutenção do Reino Unido na União Europeia, durante todo o primeiro semestre de 2020, até junho. Principalmente depois do telefonema entre a Boris Johnson e chanceler alemã, Angela Merkel, que tinha lançado o acordo entre Londres e o bloco europeu para lá do "impossível"..Cimeira.O encontro começa às 15.00 (14.00 em Lisboa), com a habitual receção ao presidente do Parlamento Europeu. Após a breve participação de David Sassoli, a reunião prossegue com os chefes de Estado ou de governo dos 28 Estados membros, entre os quais o primeiro-ministro Boris Johnson. Este terá aí uma possibilidade de intervenção na cimeira, caso assim o entenda..O encontro continuará depois no formato UE27. Se tudo correr como previsto, os líderes deverão falar à imprensa às 19.00 locais, seguindo-se um jantar de trabalho, no qual será debatida a Turquia, nomeadamente a intervenção militar contra os curdos na Síria. O outro tema servido ao jantar é sobre o dossiê do alargamento, numa altura em que têm sido retirados os elogios aos "progressos" realizados em matéria de integração pela Albânia.
Os líderes europeus iniciam nesta quinta-feira uma cimeira de dois dias para discutir o Brexit, com os "alicerces" de um acordo prontos para serem aprovados. Porém, o presidente cessante do Conselho Europeu, Donald Tusk, lamenta que ainda haja "dúvidas" do lado britânico..A poucas horas da cimeira, numa curtíssima declaração à chegada ao Parlamento Europeu, o negociador da União Europeia para o Brexit, Michel Barnier, considerou que "há bons progressos" e que "as negociações estão em curso"..O plano em cima da mesa propõe o controlo da entrada de produtos na ilha da Irlanda, através de uma fronteira marítima de regulamentação e aduaneira. Mas o plano levanta dúvidas em Belfast e o partido unionista, DUP, já veio opor-se. A líder do partido, Arlene Foster, acha que serão precisas mais discussões..De acordo com informações que circulam em Bruxelas, "há avanços", mas "nada muito ambicioso", comentou uma fonte ao DN. "Houve concessões" do Reino Unido nas negociações que antecederam a cimeira, mas em nenhum momento foi possível perceber se seria alcançado até ao final do dia..As discussões intensificaram-se nos últimos dias, numa corrida contra o tempo, que é realmente "escasso", a menos de duas semanas para a segunda data de saída do Reino Unido da União Europeia. Ontem mesmo discussões de última hora atrasaram o arranque de uma reunião de diplomatas, em que o negociador chefe da União Europeia para o Brexit atualizaria as informações sobre o andamento das negociações..Cedências.O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, foi forçado a fazer cedências, depois de na terça-feira à noite ter sido avisado de que a corda tinha esticado até ao limite e, sem um gesto do lado britânico, não restaria outra opção a não ser aceitar uma extensão..Pressionado também dentro do território britânico, nomeadamente na Irlanda do Norte, Johnson tentou até à última que o acordo negociado em Bruxelas não venha a ser chumbado no Parlamento. Por isso procurou negociar o apoio do partido unionista, DUP, prometendo à líder do partido, Arlene Foster, investimentos multimilionários na região..De acordo com os relatos da imprensa britânica, Boris Johnson prometeu verbas para a região para comprar o apoio na Irlanda do Norte. Estas negociações na Irlanda do Norte foram interpretadas pela imprensa britânica como um "vislumbre de esperança" para um acordo iminente..Em Dublin, o Taoiseach Leo Varadkar alimentou os sinais de "esperança" admitindo que as negociações estavam na direção certa, embora considerasse "nada claro" se seria possível "a conclusão de um acordo, que afinal é um tratado internacional, a tempo da cimeira de quinta-feira [hoje]"..Outras vozes juntaram-se ao final da tarde ao coro europeu que fala num acordo praticamente fechado, dependente agora da gestão interna no Reino Unido. Num encontro com o presidente francês, Emmanuel Macron, em Toulouse, a chanceler alemã, Angela Merkel, admitiu que as negociações do Brexit tinham chegado à "reta final".."Concordo com o que a chanceler alemã disse acerca do Brexit", admitiu Macron, manifestando "esperança e vontade em alcançar uma posição que permita aprovar o acordo, que espero que possa ser fechado nas próximas horas"..Alicerces.A juntar-se ao otimismo repentino no bloco europeu, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, admitiu ontem a uma televisão polaca, TVN24, que um acordo poderia ser concluído numa questão de "horas", uma vez que as "bases" estavam prontas para serem aprovadas na cimeira.."Os alicerces básicos de um acordo estão prontos e, teoricamente, amanhã [hoje] poderíamos aceitar este acordo com a Grã-Bretanha", afirmou, admitindo que "teoricamente em sete a oito horas tudo deve ficar claro"..Donald Tusk confessou que na noite anterior "estava pronto para apostar que está tudo pronto e acordado", lamentando que ainda subsistam "certas dúvidas do lado britânico", no caso concreto das questões levantadas pelo partido unionista, que pode bloquear o acordo no Parlamento britânico..Discórdia.De um lado, a necessidade de a União Europeia proteger o mercado único, por outro, o objetivo de Boris Johnson de manter a Irlanda do Norte dentro do território aduaneiro do Reino Unido. Embora se admitam "progressos", as duas opções continuam incompatíveis. O primeiro-ministro britânico admitia uma "grande discordância" sobre a inclusão das chamadas disposições de igualdade de condições na declaração política sobre a relação futura..Ainda assim, ontem, ao início da noite, várias fontes admitiam que um acordo estaria "próximo", mas com "partes" por acertar. E por essa razão não era certo que fosse alcançado..Túnel de negociações.As negociações entraram numa fase intensíssima no final da semana passada, num formato designado tecnicamente como túnel de negociações, durante o qual técnicos de ambas as partes fazem concessões e apresentam propostas - havendo lugar para testar modelos absurdos - sem arriscar avaliações políticas ou fugas para a opinião pública..Foram estas discussões que permitiram que nesta semana se admitisse a iminência de um acordo, que terá ainda de ser ratificado pelo Parlamento britânico e também pelo Parlamento Europeu..Aviso.O aviso esteve desde sempre em cima da mesa. E na abertura da última sessão plenária, antes da cimeira, o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, frisou que "qualquer acordo alcançado entre a União Europeia e o Reino Unido deve obter não apenas o voto da Câmara dos Comuns, mas também a aprovação do Parlamento Europeu", e as propostas do Reino Unido para uma alternativa ao backstop original "não constituem atualmente uma base para chegar a um acordo" e são apenas "ideias".."Não são propostas que possam ser implementadas imediatamente", considerou Sassoli, tendo avisado que neste momento identifica apenas "duas alternativas: a extensão ou nenhum acordo"..Novo adiamento?.Entretanto, com o tempo a esgotar-se e sem certezas quanto ao andamento e possível desfecho das negociações, o governo britânico admitiu em Londres que pretende cumprir a lei e solicitar novo adiamento da saída do Reino Unido da União Europeia.."O governo vai cumprir a lei e com os compromissos dados ao tribunal em relação à lei", afirmou o ministro do Brexit, Steve Barclay, no Parlamento britânico, perante a comissão parlamentar sobre a saída da UE, numa declaração que contraria as afirmações do chefe do governo, o qual sempre insistiu que não solicitaria uma nova extensão, admitindo mesmo uma saída sem acordo..Extensões.Nos corredores de Bruxelas discutia-se ontem que um acordo político sobre a relação futura poderia não evitar um adiamento, pois seria necessário fazer um debate e fechar as questões técnicas, para as quais é preciso tempo para negociar..Outra das hipóteses avançadas na semana passada apontava para a possibilidade do prazo de uma extensão poder vir a ser amplamente maior do que os três meses inicialmente discutidos. Fontes diplomáticas da União Europeia, citadas pelo jornal britânico The Guardian, admitiam a manutenção do Reino Unido na União Europeia, durante todo o primeiro semestre de 2020, até junho. Principalmente depois do telefonema entre a Boris Johnson e chanceler alemã, Angela Merkel, que tinha lançado o acordo entre Londres e o bloco europeu para lá do "impossível"..Cimeira.O encontro começa às 15.00 (14.00 em Lisboa), com a habitual receção ao presidente do Parlamento Europeu. Após a breve participação de David Sassoli, a reunião prossegue com os chefes de Estado ou de governo dos 28 Estados membros, entre os quais o primeiro-ministro Boris Johnson. Este terá aí uma possibilidade de intervenção na cimeira, caso assim o entenda..O encontro continuará depois no formato UE27. Se tudo correr como previsto, os líderes deverão falar à imprensa às 19.00 locais, seguindo-se um jantar de trabalho, no qual será debatida a Turquia, nomeadamente a intervenção militar contra os curdos na Síria. O outro tema servido ao jantar é sobre o dossiê do alargamento, numa altura em que têm sido retirados os elogios aos "progressos" realizados em matéria de integração pela Albânia.